quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pedido de Namoro do Século XXI

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se você me quiser me assuma.
se você me quiser venha com tudo.
se você me quiser não faça como tem feito.
diga que me ama.
diga que me quer
em todos os momentos.

não diga apenas que sou especial
isso não é nada.
não diga que estou no altar
apenas idolatramos quem está no altar
nunca o temos.

se você me quiser sinta saudades frequentemente
não me ligue de vez em quando
ou só de madrugada.
me leve na sua mala,
me apresente aos seus amigos,
me inclua em suas fotos.

nem sempre digo tudo,
nem me satisfaço apenas dormindo no seu sofá,
mas sinto intensamente.

se você me quiser resolva logo
liste suas prioridades
porque já vou quase desistindo.
se você me quiser me valorize
assim como eu ainda insisto,
por achar que você vale a pena.

se você me quer
compartilhe da minha angústia.
se diz que gosta de ficar comigo
então fique.

se realmente, depois de tudo, você não me quiser,
diga simplesmente adeus.
mas se realmente você me quiser
tente.
me ajude a ser uma mulher feliz.

quem disse que seria fácil?
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MARQUITO!!



                                                        “Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã”...
(Naquela mesa, de Sérgio Bittencourt)

Mês passado perdemos o Marcos. Ele era o mais velho da nossa turma de Psicologia, o único aluno homem dos formandos de junho/2002. O Marcos era promotor aposentado, fazia Psicologia por hobby, e era o mais engraçado da turma. Não de engraçadinho forçado, ele era naturalmente o mais divertido de todos os tempos.

O Marcos tinha barba grisalha e cara de bravo, mas era pura festa. Por causa desta falsa fachada de cara sério, era ele quem dava trote nos calouros. No 1ºdia de aula, dirigia-se à sala do 1º período de terno cinza e gravata vermelha. Já não havia mais espaço para escrever no quadro e ele falava sem parar pr´aquela sala repleta de recém chegados de mais um rito de passagem, ávidos por conhecimento novo. Era o professor mais formal de Filosofia e dava medo. Era combinado que um de nós, infiltrados ali como repetentes daquela matéria difícil, levantasse seu dedo tímido com a pergunta que não queria calar: Professor Marcos, esta bibliografia já existe em português? E ele, fingindo-se déspota, respondia malvado: Não, só em inglês.

Quem não se lembra das bolinhas de chicletes que ele colava na parede colecionando nossos nomes? Quem não morre de rir lembrando dele desligando o bebedouro pra ficar de longe observando os alunos apertando insistentemente um botão que não saía água, pra depois mandar um bilhete no meio da aula de Psicometria: “ Fui tomar água. Demorei a voltar porque fiz uma experiência interessante. Fechei a torneira do bebedouro e fiquei observando o comportamento dos usuários. Frustração expressa na repetição do aperto do botão. Ninguém se lembrou de abrir a torneira”.

Lembro de uma cena bizarra que ele fazia num repente no meio de alguma aula chata. Ele, sentado lá na frente, virava-se de costas, meio contorcido, numa cena bem exdrúxula, de modo a segurar com os braços cruzados o encosto da cadeira, e virava o olho, numa careta de vesgo que matava a turma do fundão de susto e de riso incontido.

Falar do Marcos é lembrar dos bombons que ele distribuía na sala quando sobravam caixas de chocolate dos churrascos em sua casa azul no Belvedere. Ele também nos presenteava com fotos que tirava da gente em nossos melhores momentos descontraídos, todas com dedicatórias que ele escrevia na hora.

Uma vez ele me disse na cantina: Carol, nunca te vi com outro penteado. Que dia vou ve-la com um corte de cabelo diferente? Realmente, durante muito tempo tive aquele cabelo de mãe-joana, mas o que ele tinha a ver com isso?? O que importa é que tudo que vinha dele era doce. Ele participava de tudo, sabia de tudo, tinha sempre uma opinião e uma solução pra tudo. Até tirar carteira era motivo para bilhetinho: “ ... venho cumprimentá-la pelo sucesso alcançado no teste do Detran... Na oportunidade, ofereço-me, desde logo, como seu passageiro en um eventual passeio. Atenciosamente, seu colega, Marcos.”

Não te vejo, nem te escuto
O meu samba está de luto
Meu violão vai soluçar

(Noel Rosa)

Mesmo há tanto tempo sem vê-lo, por que a morte é sempre tão cruel?
Ficam aí nossas saudades e somente recordações lindas dele.
Marquito!!! Nosso amor por você é unânime, vamos lembrar sempre de você sorrindo.