terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

del baúl de los recuerdos




neste último final-de-semana o metallica deu seu pesado ar da graça em são paulo. eu que não fui para economizar para um carnaval fora que acabei adiando para sair atrás dos blocos da cidade maravilhosa, naquela noite não tirei o pensamento de lá.

e me lembrei de um menino que eu gostava na 7ª série. sentávamos no fundão, eu na penúltima carteira, ele na última, atrás de mim. ele tinha o costume de cantar eeeeeexit light eeeeeenter night. assim eu conheci metallica.

ele tinha uma voz maravilhosa e eu achava lindo ficar escutando-o cantar exit light enter night take my hand we're off to never never land. mal sabe ele que me aplicou no metallica. acho que eu até fechava os olhos, pra ouvir melhor, uma espécie de êxtase quando ele cantarolava. eu escutava, gostava, dava uma olhadinha pra trás sorrindo e levava um susto! a voz dele era linda, a música eu adorava mas ele era a própria aberração. ele não era o mais feio da sala, ou do colégio, ele era uma das pessoas mais feias que eu já tinha visto ali nos meus 13 anos. não era feio, era bizarro. hoje sei que pra mim o que era feiúra se inscreveu como beleza exótica nas minhas primeiras escolhas objetais/amorosas. ele nem sonha que é o culpado pela base de meu gosto pelo diferente.

ele também gostava de slayer e suicidal tendencies. eu preferia ramones e bad religion. tínhamos o metallica em comum. é como se ele estivesse aqui balançando na cadeira encostado na parede cantando something's wrong, shut the light heavy thoughts tonight and they aren't of snow white dreams of war, dreams of liars dreams of dragon's fire and of things that will bite eeexit light eeenter night.

quando um dia, descendo a avenida raja gabaglia, descobri que estava apaixonada por ele, e na adolescência isso é tão mais grandioso, fiquei quieta. não tive coragem de contar pra ninguém. porque ele era horrendo. minha paixão ultra platônica era um segredo exclusivo meu. na adolescência a gente ainda não sabe distinguir as coisas, ou talvez naquela época eu não tinha coragem de assumir a preferência por algo bem fora do padrão. daí que, inconfessável foi.

ele não era feio, ele era diferente. o incomum personificado. e ainda sabia cantar. era um deus!

tenho certeza que eles tocaram essa música no show.

now I lay me down to sleep pray the lord my soul to keep if I die before I wake pray the lord my soul to take hush little baby, don't say a word and never mind that noise you heard it's just the beast under your bed in your closet, in your head exit light enter night!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!