quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Caro autor,





Querido/a: Stella Florence, dezembro de 2009, véspera do meu aniversário de 32 anos. Eu estava no aeroporto de Confins, indo para o lugar que mais amo no mundo, Caraíva. Ou seja, estava radiante quando me deparei com seu livro “32”, 32 anos, 32 homens, 32 tatuagens. Muita coincidência, não? E eu ainda tinha acabado de fazer minha primeira tatoo. Só meu número de mocinhos que extrapolou os 32. Li seu livro todo no avião, era leve que nem eu, me divertiu muito e olha que eu já estava no céu, literalmente. Obrigada por este momento! Haruki Murakami, estou cega de paixão por você! Eu que sou capricorniana, tão racional, tão pés no chão e você vem e me apresenta um mundo fantástico, e eu gosto! Pela primeira vez na vida li uma trilogia, a sua “1Q84”, numa velocidade arrebatadora. Criei um universo paralelo onde tudo é diferente, minha indomável memória inventou uma espécie de 2Q13 íntimo que posso visitar secretamente nos momentos menos propícios. Foi tão saboroso que já comecei a ler um outro filho seu, “Kafka à beira mar”, não consigo te largar! Charles Bukowski, te conheci através de um namorado com a seguinte dedicatória no “Misto Quente”: “um pouco de tosqueira na sua doçura.” Tenho 5 livros seus, com você aprendi que “O amor é um cão dos diabos”! Alan Pauls, seu livro “El Pasado” me inspirou criativamente. Sabe que por sua causa sou tradutora? Me formei psicóloga, mas quando vi o filme “O Passado” (e então li o livro) percebi minha verdadeira vocação: faço legendas como o protagonista de sua história. E a minha monografia da pós-graduação, sobre tradução intersemiótica, foi toda baseada na comparação do livro com o filme de Hector Babenco. Mario Vargas Llosa, “O Paraíso na outra esquina” é um dos meus livros prediletos. Também ilustrei minha monografia com parte dele, o quadro “Nevermore” de Paul Gauguin, um de seus personagens. Se quiserem, posso enviar uma cópia pra vocês. Sigmund Freud, tão didático, transmitiu sua psicanálise com seus livros eternos. Clarice, porque eu nunca me canso de você, essa divindade! Manoel de Barros, queria dormir no seu colo. Você é tão fofo! Gosto de todos seus poemas, especialmente “O fotógrafo”. Uma vez vi num documentário que você punha somente 30 poemas por livro, para não cansar. Imagina se você aborrece alguém! Só se a pessoa tiver uma pedra no lugar do coração. Anne Frank, você seria uma grande escritora e esta perda me dói. José Saramago, te amo! Pedro Juan Gutiérrez, “Insaciável Homem-Aranha”, com você conheci o lado B de Cuba. Muriel Barbery, rainha da delizadeza em “A elegância do ouriço”. Chorei a cântaros como em uma cena de “Dois irmãos”, hein, Milton Hatoum? Que capacidade para emocionar, que poder!  Gabriel García Marquéz, também te amo! Franz Kafka, como não se identificar com sua “Metamorfose”? Mia Couto e suas palavras doces, seu jeito fácil de escrever poeticamente, leio seus venenos como remédios, já que Deus  e o Diabo são uma coisa só. Mario Benedetti, meu poema predileto é “Viceversa”. Alice Sant´Anna, me identifico muito com seu “Rabo de Baleia”; Angélica Freitas, adoro seu deboche em “Um útero é do tamanho de um punho”. Carlos Ruiz Zafón, bú! Isabel Allende, Amoz Oz, Marçal Aquino, Emily Bronte, Milan Kundera, Mario Teixeira...

(foto by me: Olinda, Carnaval 2011)

* texto fruto da oficina literária Terapia da Palavra: http://www.terapiadapalavra.com.br/