quarta-feira, 16 de setembro de 2009

um capítulo: o forró do puxa-a-faca


caraíva, 20 de maio de 2009:

pro Léo

sexta-feira é dia de forró do outro lado. o outro lado é atravessando o rio, é nova caraíva. a diferença é que caraíva é cool, e nova caraíva, brega. mas todas são boas se você vai com olhar curioso. o forró do puxa-a-faca acontece às sextas, porque sábado tem forró no pelé, em caraíva. públicos diferentes, repertório beeeem diferente. no pelé toca forró pé-de-serra, enquanto que na nova, também tem arrocha e brega. forró puxa-a-faca porque nem sempre é civilizado e às vezes pode ser perigoso, brigas com facão são frequentes. mas fui acompanhada dos meninos. pela primeira vez, depois de um ano e meio morando aqui, a vontade surgiu. leôncio, silmar, macico e alexandre me esperaram no lagoa até fechar enquanto tomavam natu nobilis. e tinha um casal que não ia embora de jeito nenhum e nós aqui esperando, esperando... já era tarde (lembrando que tarde aqui ainda é cedo aí) e saímos felizes da vida, eu rumo a mais um novo programa ou lugar pra conhecer. escolhemos uma canoa na beira do rio e o leôncio achou um remo em outra. silmar foi remando, com a promessa que o léo voltaria. eles já tinham bebido uma garrafa de natu nobilis, mas aqui não tem lei seca. de longe escutávamos a música que vinha do outro lado do rio, de lá onde a gente queria chegar logo. só de estar naquela canoa com céu hiper estrelado já era uma bénção, ainda mais com esses meninos que eu sou a-p-a-i-x-o-n-a-d-a!! subimos a ladeira da nova morrendo de dar risada dos causos deles. passamos por um bar onde alguns homens de bigodinho ralo jogavam sinuca enquanto suas mulheres, uma com bebê no colo, bebiam cervejinha. conhecia quase todo mundo. chegamos no forró do vassoura (o nome do dono) de remo na mão, que era nossa garantia de volta. era bem simples mesmo, tinha um palquinho minúsculo, bancos de cimento, o banheiro era enorme e não tinha tranca na porta, tudo bem tosco, mas não por isso, aconchegante. vendia-se cerveja, cachaça pitu e uns salgadinhos tipo pipoca guri. música rolando, todo mundo dançando um forrozinho do jeito que a gente gosta. era perfeito. até de repente começar o arrocha - momento suuuper esperado por mim. e o leôncio me fala: presta atenção carol, nas meninas dançando pra você aprender. e vamos lá, me segue! uiuiuiuiuiuiui. o léo é filho do pelé, tem super bom gosto, sabe tudo de luiz gonzaga, forrozeiro de primeira, mas... está na chuva, é pra se molhar... e ele é minha dupla predileta, dançar com ele não tem preço, se é que vocês me entendem... depois começou sessão brega. sabe aquela música que foi um hit pop típico de 98fm há uns dois anos atrás, you´re beautiful, do james blunt, que o cara não pára de cantar: you´re beautiful, you´re beautiful, you´re beeeeeautifuuuuuuuul. gente, eu dancei essa música, versão remix, brega. dancei essa música inteira e achei a melhor coisa do mundo. não sentei um segundo e tudo o que eu gastei nessa noite foram 6 reais, ou, duas novaschin. hora de ir embora. silmar chamou. e todo mundo foi, imediatamente. saímos em bolo. ninguém lembrou do remo. eu, leôncio e outra menina já estávamos mais na frente, com a roupa empapada de suor dizendo que chegando na travessia era pular no rio com certeza. como já estávamos quase no atalho que vai pra barra, o léo sugeriu: vamos pela barra? oxe, se meu lema aqui não fosse me chama que eu vou eu até hesitaria. resposta unânime: claaaaaro!! afinal a gente já queria dar um mergulhinho mesmo. o céu estava muito estrelado, estava bonito pra caramba!! de longe o tazinho viu a gente e começou a assoviar achando que queríamos atravessar. que nada, a gente vai nadando mesmo. guardamos tudo que tínhamos na mão na mochila do léo, ninguém carrega bolsa aqui e tudo que tínhamos significa uma lanterna e uma carteirinha de crochet feita pelas mulheres de caraíva. mas vimos que nem ia precisar, a maré estava baixa, que delícia, e atravessamos com água na cintura. absolutamente fantástico!! depois fomos pro vila do mar e ficamos na piscina até quase amanhecer. e quando voltei pra casa, o mar parecia um tapete. não sei se consigo explicar, mas morar aqui é como viver intensamente. você curte muito tudo. talvez porque seja outra realidade, e também por você saber que é passageiro. é quase uma ode ao hedonismo. é difícil ir embora, não consigo mais imaginar verão melhor que este daqui.

2 comentários:

  1. q saudade,to aqui lendo essas aventuras mas na verdade parece que to la com vcs!A vontade e de jogar td pro alto e sai correndo pra casa!
    mas o verao ta i,e como e de costume so vai chover lampejos de alegria e beijos de amor!

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  2. caio, que honra um caraivano da gema por aqui... sim sim, mel e flores em breve!! beijos aí em floripa!!

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