sexta-feira, 9 de julho de 2010

mom&dad






lembro da minha mãe colocando no cabelo um lenço azul de seda florido. sempre esta cena quando ia cozinhar pra nós. todos os dias e ela nunca colocava panelas sobre a mesa. mesmo cuidando sozinha de três meninas, sem ninguém por perto nem micro-ondas, era um capricho cotidiano servir a mesa como deveria ser. “pra comer não precisa chamar duas vezes”- repetia as palavras de seu avô quando já éramos adolescentes e não fazíamos muita questão de sentar todos juntos. não devia ser fácil!  menos ainda em dias de mohamed – assim chamávamos as tempestades de areia tão frequentes ali no Iraque. pra nós crianças, era uma festa porque nestes dias, não íamos à escola. não que não gostássemos, - a vida era perfeita! era só um gostinho pra fugir da rotina. mas minha mãe tinha que limpar a casa, cada grão de areia que entrava sem dó, infinitos grãos, por toda e cada fresta daquela casa.


vivíamos no km 215 e depois na Express Way, acampamentos brasileiros próximos à cidade de Ramadi. era como uma cidade do interior. brincávamos na rua, íamos sozinhas ao colégio, nossos vizinhos eram nossa família. não trancávamos as portas de casa. meu coração de criança desconhecia uma guerra que acontecia entre Irã e Iraque. paz!


nos finais de semana meu pai nos levava pra passear em Bagdá em seu Fiat 147 branco, que tinha gravado o logotipo da Mendes Jr. todos tinham o mesmo carro, todos moravam em casas idênticas, a mesma estampa e modelo de sofá. nas prateleiras do supermercado, chocolate só sonho de valsa e toblerone. e para os adultos, cerveja choca no mercado negro. consumo zero. excelente ambiente para criar os filhos. mamãe juntava sacolas de roupas que não nos cabia mais para doar pras crianças de Juba e lá íamos nós tomar sorvete na capital árabe. algumas cidades fediam a esgoto a céu aberto e era engraçado ver as casas sem telhado. mas as mesquitas eram um espetáculo à parte, transcendiam. no caminho, sempre algum ‘arabico’ ajoelhado em seu tapetinho, direção a Meca, rezando para Alá. meu pai dirigia como um galã cinematográfico, com seus óculos Ray Ban. e minha mãe dizia: “ah, que saudade eu tenho do verde do Brasil!” –toda vez que passávamos pela paisagem marrom, de tamareiras e deserto.


minha mãe tinha alergia nas mãos, os dedos sangravam quando lavava roupa. e nós sempre reluzíamos roupas brancas e cabelos asseadamente escovados. papai conversava com indianos e árabes. construíam uma ferrovia. highway foi a primeira palavra em inglês que aprendi. e depois please, que eu achava que significava aeromoça. nos voos da Lufthansa ou British Airways pro Brasil, era assim que minha mãe as chamava pra pedir para esquentar a mamadeira das minhas irmãs. apertava o botão da cabine e, “please?”


meu pai sempre viajava a negócios e trazia uma Barbie pra gente. e ele as batizava com nomes de acordo com sua origem. ele era cinéfilo e adorava ler, assim, tirava os nomes estrangeiros para nossas bonecas dos livros e dos filmes que via. a Barbie sueca da Fernanda se chamou Ingrid (Ingrid Bergman?) e a americana da Amanda, Julie (Julie Andrews? Noviça Rebelde?), uma vez ele me trouxe de Atenas, uma Bibibô (a Barbie grega). um nome pra ela? Helena (de Troia, deveria ser). houveram também as Barbies japonesas que andavam de bicicleta. ainda me lembro os nomes que ele deu: Lin, Kim, Sususi e Sukiaki. é, acho que meu pai também gostava de carros! enquanto isso, minha mãe nos carregava para ir comprar tapetes persas regados de chá verde doce, muito doce!


quando a obra acabou e finalmente (e infelizmente) tivemos que ir definitivamente embora do Iraque, meu pai nos levou à Disney. ficou feliz quando saí radiante da loja com um Pateta de pelúcia e um boné do Pato Donald na cabeça e minhas irmãs com Mickey, Minnie, Donald e Margarida babies. achou graça quando perguntamos roucas depois de berrar na montanha russa espacial, porquê todo mundo ali era obeso (that´s USA, girls!) mas ficou decepcionadíssimo porque preferíamos pão de forma com presunto e queijo e leite com toddy do que os hambúrgueres enfeitados com gergelim e coke extra large. um belo choque cultural!


como nem tudo são flores, antes de partir, tivemos que deixar pra trás nossos dois cachorrinhos: Toulouse e Bolinha, que faziam minha mãe se levantar cedo no inverno gelado para dar-lhes leite quente e fígado de galinha. foi a única vez na vida que vi meu pai chorar. quando deixamos os bichinhos no abrigo, a minha feminha não queria ficar, arranhava desesperadamente a porta de nosso carro. hoje não sei se meu pai chorava por deixar os cachorros ou de ver as filhas chorarem.


domingo, 27 de junho de 2010

pergunte-me como


vivo cercada de aranhas, rãs, lagartixas e besourinhos dourados. todas as noites, quando vou dormir, passo ao lado de um lago, receosa de chutar sem querer algum sapo. e no caminho pro meu quarto, tropeço em casas de guaiamum. quando saio na rua, que de areia é, vejo às vezes passar arraias, é que a rua beira um rio, e rostos conhecidos que me fazem sair dando bom dia a torto e a direito. certa vez tive que me desviar de uma colmeia em alvoroço, e uma outra, porque não quis ver a agonia de um saruê recém caído de uma árvore de fruta-pão. se é sábado, colocam na calçada uma placa que diz: forró hoje. e de vê-la meu coração se enche ainda mais de alegria. e antes de forrozear, todos passam no bar daquele beco, pra tomar cerveja e jogar dominó. pro forró, vamos descalços e bebemos Netuno em copo de plástico, que nada mais é do que vinho de caju com gengibre, excelente pra curar dor de garganta. conto os dias esperando a lua cheia e cada mês faço planos: lua cheia do alto da falésia, do farol de Corumbau, passeio de canoa no rio com repelente. de onde a verei quando ela voltar? traço metas. moro a 50 metros do rio, e de lá, vejo de perto, o mar. todos os dias tomo café da manhã observando passarinhos de diversas cores. deixamos mamão debaixo da árvore de tamarindo, mas eles também comem semente de grama. ainda me assombro, todos os dias, como se fosse a primeira vez, aindo fico pasma de ver lagartixa devorando barata. me acostumei a afundar os pés na areia e não saber que horas são. começo a enjoar de tentar convencer as pessoas, quero que elas vejam com seus próprios olhos, que se arrepiem e sintam o amor que eu sinto, para então, acreditarem em mim. também estou enjoada, ô problemão!, de comer caju: caju do pé, suco de caju, caipi caju, caju com sal e cerveja, doce de caju! mas gosto de como o chão fica amarelo deles. fico louca pra viajar. pra poder tomar sorvete, ver televisão e gastar meu dinheiro numa banca de jornal. já não escuto a orquestra noturna dos sapos na lagoa, as pessoas pensam que são gansos! mas me surpreendo com o céu estrelado ou com a água do rio e do mar que hoje, estava verde-água.

terça-feira, 22 de junho de 2010

goiabada com queijo



tenho 32 e já namorei por carta.
uma única vez.
você já?

digo ORGULHOSA que ainda as tenho guardadas.
as 12 cartas.
93, 94, ... 1999.

conheci o menininho do outro estado num show de rock.
tinha 16, ele 15.
mas  mentiu a idade pra mim. disse que também tinha 16.

ele era fã do Nirvana e naquele dia subiu ao palco pra cantar Polly.
depois se jogou no mosh.
gamei!

tinha um cachorrinho.
adivinha o nome?
Kurt.

sua avó morava em beagá.
ia me ver no portão de casa. camisa xadrez amarrada na cintura.
ele era (meio) grunge - dizia. eu, hiponga - meu rótulo.
so teen!

Raimundos era nossa trilha sonora. a Savassi, nossa praia.

sabe que já duram 17 anos? não as cartas, a gente.
digo em letras redondas e bem ditas.
sorte.

e finalmente o primeiro e-mail que recebi na vida,
foi de quem? 
e também meu primeiro bouquet de flores cibernético. 
so romantic!

disarm you with a smile

essa música uma vez ele mandou pra mim.
a carta vinha escrita a lápis numa folha com partituras.


agora é minha vez.
só que eu te mando em post,
porque é mais moderno.

espero que goste.
I send this smile over to you

quarta-feira, 9 de junho de 2010

AA-UU we´ve got a city to love





por Colina Coralina e Mario Teixeira


Quando Mario Henrique voltou para sua pequena cidade natal, o sobrinho de três anos estava muito preocupado. pensava que o tio estava até então dentro de um Rio.


Mario era produto importado, ou nenhuma pátria o pariu, isso nunca entendi. safadeza do destino colocá-lo um nome assim. há anos não via o mar, melhor digo, um mar em clima cálido, bem distinto daquele mar bravo azul-marinho de pedregulhos daquela terra de gente fria. comencemos:

Veio cair na cidade maravilhosa. queria pôr um pouco de cor em suas telas, em suas retinas. queria ver aquela menina. disse: cansado de apenas desenhar o mar; barco, barco, barco. tinha vontade do novo, lá iria parir-se outra vez, se pôr pra sempre pra fora como um ovo. não confiava em ninguém com 32 dentes. queria ficar moreno, buscava festa, diversão, balé. 

Na vinda, fez amizade com um rapaz pouco que o colocava para ouvir piadas no celular (a vida é mesmo safada). Mario Henrique, cuja paciência era um valor que realmente não aprendera, pensou em oferecer-lhe conhaque para que rápido, junto com sua tristeza disfarçada, dormisse talvez sem sonhar. acabou pagando a ele também um pastel e uma garrafa de Sukita.

É que o pouco rapaz tinha ido pro interior atrás do que não tinha – ‘ninguém sabe o que procura’. uma moça uma vez pedira-lhe para construir sua casa, castelo de barro, ou na sua concepção, uma casa que um dia chamaria de lar; Mario tentou alertá-lo: 'Rapaz Pouco, o seu lar é onde estão seus sapatos.' foi um bate-e-volta com um tênis surrado herdado do patrão. não passara nem uma noite sequer com a sonhada noiva do Alto Vera Cruz; Mario não quis entender, estava na vida meio enfastiado de tentar entender as coisas. Rapaz Pouco nesse momento lembrou-se que há mais de 24h não tirara aquele tênis apertado e desceu as Havaianas do bagageiro. momento tenebroso, a catinga, tudo se misturou com o espaço. até Pouco percebeu e aí a última piada: 'meu pai é cego, mas quando eu chegar em casa, irá me reconhecer do portão: meu fiiiilho!" Mario pensa: filho da puta!

o pulso ainda pulsa.


Mario Henrique não entende muito português, mas vê Maria Rita, sua anfitriã eufórica e extremamente afetuosa chamando o gato Disneylandia. ela diz 'meu gugu, meu tiquinho, vem cá meu chuchu, trenzinho.' não entende o que aquilo significa, mas deseja ser um Disneylandia pela boquinha que ela faz. começa a roçar em Rita, imitando o Gato, suplica: miaau...

Será que é isso o que eu necessito? Rita responde: eu sou a verdadeira Mary Poppins.

Mario conta-lhe um conto erótico que envolve Afrodite, gatos e leite em lugares caudalosos. ela diz: eu sou a verdadeira Mary Poppins. ele desfila com aranhas estampadas na samba-canção. ela olha pr´aquilo e 'xix' porque é moça polida.

Ainda: 'vem cá, fofo.' – fala franzindo os dentes enquanto agarra Disneylandia no colo, 'meu pequeno!' 'vem cá, Ritinha, faz de conta que eu sou o Gato.'


Riem até meia-noite. chegam a ter câimbra nas bochechas e dores musculares nos maxilares, as gengivas doem também. começam a imitar os miados dos gatos que estão no cio. a vida até parece uma festa. o pior é que gatos machos nunca saem do cio – conclui,  sábio, Mario Henrique. diversão, solução pra mim.



Seu último dia na cidade acordou frio, umbroso. foi fumar seu cigarro apreciando o mar e voltou com um olho roxo pra casa. as amigas acharam que tinha sido briga de bar. imaginaram Mario negando-se a pagar a conta dependurada no botequim do Periquito por amnésia alcoólica. ou apenas por querer tomar mais uma porrada mesmo; mas Mario jurava com os dois pés juntos que jamais deixara de pagar de alguma maneira toda e qualquer cachaça que já bebera na vida. não se esquecera de Manoel Carlos, o velho bêbado que levava na carteira uma foto de jornal do seu igual recortada em 3x4. ele dizia: 'escrevi as Páginas da Vida' (era tudo uma confusão).

não é que eu vou fazer igual, eu vou fazer pior – era sua bandeira.

chegou em casa meio de lado, as gatas e até o objetos observaram... e o olho, roxo! Mario respondia: 'me deixem morrer em paz!' mas tudo perguntava, do filtro ao infinito, de Kerouac ao mosquito: que foi isso, Mario? que foi isso? que foi? Marioooo? caralho!? Go back.

Mundo é tudo igual! - ele pensa.

- Fui fumar, ventava muito, uma pomba voava, a pomba não saía do lugar. vencida voou de marcha à ré na direção de meu globo ocular.

Era a mais pura verdade, mas tão inacreditável que ensaiou dizer que estava caminhando na ciclovia. relataria detalhes para a história parecer real, diria que a maré estava alta e podia sentir o cheiro de sal dali. passa um ciclista apressado, um tanto desgovernado, sua roda passa por cima de uma castanha (tudo passa, até uva passa) destas caídas e o fruto voa violentamente batendo no seu globo ocular. podia ser... - mundo é tudo igual e o Hotel Marina quando acende.

Foi-se embora. adeus, Mario. adeus! dessa vez sem ninguém ao seu lado. pode respirar tranquilo e volta cantando: ‘é cedo ou tarde demais?’

A vida é um doce (como suspeitavam João e Maria).  vida é mel (como suspeitam vocês e eu).

Copacabana, meu amor.



 
 
para Clarisse.


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Poema aliterando em “P”



por Rafael Oliva

Procuro palavras para um poema

prosaico, pobrezinho, com pressa

pressionado pelo professor

parei pra pensar

pretendendo provocar um

paladar poético pessoal

propus, provei, perdi pensamento

por pouco pirei

Prossegui.

Por fim, e portanto, um ponto de partida

Pronto.


sexta-feira, 21 de maio de 2010

inspire me!!



why are you so cold?
she yelled to the mirror.

why are you so cold?
she cried out to herself.

´cause you are so sweet.
she knew it so deep.

why are you so quiet?
she hated that perception.

why do you think everything is old fashion?
it just makes her feel more stupid.
it sounds fuckin´cold.

why don´t you try to change?
it´s not that simple.

why don´t you try to inspire me?
she´s now asking you.

who knows?
 just let´s see what happens.

(foto by paula huven)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

ainda.



sobre la película argentina todavía en cartelera:
"El Secreto de sus Ojos"

por Amanda Machado

"Tem coisas na nossa vida que não dá apenas para ficar na lembrança. A paixão não se entrega. Por mais que façamos escolhas, por mais que tenhamos deixado pessoas e lugares para trás, por mais que não falemos de assuntos e relacionamentos já vividos, por mais que calemos o passado, há passagens e pessoas que caminham sempre com a gente, na nossa memória, no coração. Fazem-se presentes na ausência, influenciam nossos comportamentos e povoam nossos pensamentos. Mesmo que em silêncio, sem nos darmos conta. Não estão distantes, não são recordações, somos nós."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

trotaMUNDOs*



salamalico! é oi em árabe. já que eu sou troligota, trogodlota, troglodita poliglota. assim ele me disse ontem. hummm quem me dera! talvez se eu ganhasse na mega, sairia aprendendo todos os idiomas em seus respectivos países. tudo que é língua. todas as línguas. um sonho! enquanto isso devo me contentar  com ir refinando “jergas” cubanas na 'generación y' e escutando os idiomas ríspidos e tão familiares na delicadeza de abas kiarostami. ser una trotamundos otra vez. um desejo! pode ser pura aflição: o melhor lugar é onde a gente não está, me disse uma amiga uma vez. essa vontade inquieta é “algo que viene y va. que mueve todo el tiempo. es extraordinario.” não sei se é não, extraordinário. às vezes é quase uma dor. enquanto a cabeça está no ar e os pés no chão, devo me satisfazer imitando as boquinhas em jackes tati, tentando aprender a  pronunciar de uma vez por todas aquele “u” que parece que só sabe quem nasceu falando francês. essa coceirinha de sair por aí trotando mundos, esse ferrinho de dentista que freqüentemente me acomete é o que os existencialistas chamam da falta –imprescindível- que nos move. entre uma pausa e outra, quando essa frenética descansa, o jeito é ir percebendo a delícia da entonação dos chineses nos filmes de wong kar wai. quem tem alma não tem calma, já dizia fernando pessoa.
(foto by pedro david)
*trotamundos. 1. com. Persona aficionada a viajar y recorrer países (según la RAE)

terça-feira, 27 de abril de 2010

COPACABANA: sua versão minha tradução





l´ amour est un jeu
plus facile d´ y rentrer
que d´en sortir.
inferno de sensações:

ahora,
tengo tu olor conmigo,
y él no se deja lavar.
aún,
tengo mi beso contenido,
por horas, hasta decirte que me gustaría besarte,
¿te acuerdas? estaba tímido.
pienso en ti cogiendo mi mano
tras haber dado una sonrisa menos tímida que la mía,
y guiándome tras contarme alguna mentira
sobre adolescentes que tocan rock.
tú entonces arrastrándome mientras yo me dejaba llevar.
como solía hacer cuando iba hacia el mar
y dejaba la ola acertarme.
pero con el mar no se juega,
ya se lo decía mi padre.
entonces...
no puedo estar ahí contigo.
creo que no aguantaría.

deberá ser bonito mirarte a la orilla del mar.
(...)

tempestades de incertezas:

en sueño pegaba fotos en las paredes de copacabana,
garabateaba frases sobre los bancos de las plazas.
como si adivinase por donde pasas.
ah, mis ojos! eran como canicas tiradas a tu suerte.
pero.
sí, tan solo es pero.
y ya es lo suficiente.
estaremos los dos
asimilados y ausentes.
que sea un año, que sean diez,
la puerta aún estará cerrada,
no estará trancada.
eres parte de la seña, de la llave.
encontrei açúcar nas palavras que colheu pra mim.

eres mi secreto.
(...)

ausência é um estar em mim:

un día más y aún pienso en ti,
desde, aún.
voy a fotografiar el silencio, como lo hizo Manoel.
voy a fotografiar el nunca
y las rimas que me faltan.
espero que a ti te gusten,
siempre lo esperé.
por cierto, espero que a ti te guste todo.

serão retratos seus.
(...)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Boquitas pintadas



Sempre gostei de batom vermelho, sempre gostei de batom. Eis a explicação como homenagem para os 90 anos bem vividos da nossa avó Marietta, em texto escrito pela tia Ju, que diga-se de passagem: ela também é um desbunde! Segue:

"Lá vai a nossa trajetória familiar.... Quando pequenos , tivemos uma mãe extremamente avançada para a época. Trabalhava fora, vinha todos os dias sentar à mesa para o almoço. Mesa posta, guardanapos e talheres arrumados em seus lugares, comida servida em travessas como manda o figurino. Aí, a conversa rola e os ensinamentos fluem. Como devem ser feitos os deveres de casa, corrige os modos à mesa. Faz elogios quando merecidos e repreende assim que precisa. Vamos dar um pulo no tempo. Filhos criados saindo para trabalhar. Para a primogênita fez um belo discurso sobre ética, educação e logicamente sobre honestidade. Neste último item em um longo discurso que pode ser resumido em uma parábola. Pois é, você é uma moça bonita, educada, bom caráter. Vou lhe dar um presente que vai lhe acompanhar para o resto da vida. Era um batom vermelho. Achei lindo, uso, usarei sempre e passarei para as outras gerações.A minha ficha de primogênita só veio cair quando fiz uma linda festa para comemorar meus 60 anos. Idealizei toda a festa e queria um símbolo da minha imagem. Usei no convite que dizia...Percorri a minha estória e encontrei mais pesssoas que nomes.Convite feito, o cenário tinha que ser montado. Olhei no espelho e procurei o que mais gostava da imagem. Tive uma grande surpresa. Uma boca, com batom vermelho e dentes muitos brancos que emolduravam um grande sorriso. Pensei, quero mil boquinhas de batom, sorrrindo. Pensei, como uma mulher de 60 anos pode escolher este símbolo para retratar sua imagem? Que susto levei, quando lá no inconsciente veio uma voz muito conhecida. Era a voz da minha mãe dizendo que aquele batom oferecido era para que nunca fizesse nada de errado, para eu não sorrir amarelo. Entendi que aquele ensinamento havia passado para meus flhos. Espero que passem para os meus netos. Fiz isto durante a minha vida que continua plena e bem vivida. Levei o ensinamento para minha vida com o meu marido que amo até hoje. Este amor só é verdadeiro porque tem respeito, carinho e cumplicidade.Tomara que todos os descendentes da minha mãe tenham esta luz da sabedoria dela. Acredito que este símbolo do batom, perdure sempre. Ele é lúdico, colorido e sinaliza felicidade. Que maravilha ter uma mãe que coloca cor e luz na nossa vida. Tomara que todas as mães ou mulheres de nossa família tenham o dom de colorir até os dias de chuva. Afinal existem sombrinhas e galochas. Viva a vida viva a alegria................. "

by Ju Fagundes

E já que falamos em batom, aproveito para divulgar o concurso cultural promovido n´O batom de Capitu:


quarta-feira, 14 de abril de 2010

chunga.




ou hoje não se sente titã.


PRO MEU AMIGO MARIO!
já que nem sempre "a vida até parece uma festa"


chega faminta em casa e estraga a porta quebrando castanhas.
também já estragou o ventilador nestas crises de ansiedade de quem tem pressa.
pressa de?
brinca com o gato que lhe arranha feio a perna.
com essa chuva ele não pode sair e se entedia nesse lar tão pequeno, o pobre!
varre a casa como todos os dias
e tem a infelicidade de lembrar que a máquina de lavar está "rota".
dessa vez não foi ela quem estragou.
não tem dinheiro para consertá-la.
não tem dinheiro nem pra faxina, a pobre!
em dias de amélia se põe imaginando quando aquilo vai acabar.
menos mal que hoje não esteja de tpm.
olha da janela e pensa que mora num cortiço.
e quando sai na rua só vê aberrações.
ela mesma é a própria aberração, só que ninguém percebe.
de novo, botou pilha numa galera mas não conseguiu sair de casa.
lê uma carta antiga e percebe como anda histérica.
só colocando lenha na fogueira, provocando qualquer resposta.
lo que pasa es que no solía ser así.
además, ahora le toca un insomnio que le jode.
já teve insônia antes, mas curou ficando sócia da biblioteca.
já atacou a geladeira, mas agora escolhe coisas mais saudáveis,
ao menos.
se pelo menos tivesse "la plata" pra terapia, lamenta.
é hoje!
quem dera se tivesse 20 anos e uma viagem pro nepal pra daqui uma semana.
wheter i´m in your arms or i´m at your feet (plagiando the strokes só porque achou so cute).
o telefone toca à 1 da manhã, mas a esta hora melhor nem atender.
se pelo menos essa chuva que cai incansável lavasse a sua alma!
só faltava ligar a tv ou ler uma marie claire.

ah nããããão, isso não!

nem tudo está perdido,
é só porque de vez em quando, é bom dar uma de:

ohhhhhhhh, i feel blue.

foto: cinderella, by dina goldstein, "fallen princesses"

sexta-feira, 9 de abril de 2010

INACABADO



“... sonreía sin sorpresa,
convencida como yo de que un encuentro casual era lo menos casual en nuestras vidas,
y que la gente que se da citas precisas es la misma que necesita papel rayado para escribirse
 o que aprieta desde abajo el tubo de dentrífico.”

(Julio Cortazar - La Rayuela)

¡oye, cariño¡, respondendo sua pergunta, eu lembro, sim. e adoro! e se fossem outros tempos, eu também diria que soubemos aproveitar. não se preocupe comigo, você não me despedaça. o que foi já faz parte, ainda, não é? e “quando você for embora para bem distante e chegar a hora de dizer adeus” eu não quero estar lá pra me despedir.

era tão encantador, ele, que uma vez, um casal que cruzou na estrada, deu-lhe um presente, uma passagem de volta ao mundo. com olhos assim, ele conseguiria qualquer coisa. daí ele foi, mas se cansava e queria ir logo embora. imagino que só ele se cansava, as pessoas nunca se cansavam dele.

tem olhos bonitos e um jeito quieto. diz que prefere se expressar de outras maneiras. mas isso eu já tinha percebido, um par de dias antes, quando o vi entrar.

naquela casa era música espanhola e livros espalhados, três ou quatro em cada canto. filmes, desenhos, fotografias. sempre havia louça na pia, café recien hecho e ovos de páscoa. lá fora chovia.

aquela tarde estavam todos na sala. mas ele, na cozinha, me vendo lavar a louça. sentado quieto, aquele jeito quieto dele, numa cadeira que posicionara bem próximo de mim, com a xícara de café na mão e os olhos baixos, ele disse como que sussurrando: “eu precisava vir para te dar um oi.” “o quê?” –  não acreditei no que ouvia. “eu precisava vir.” – disse agora olhando pra mim, pale green eyes.

com olhos assim, ele conseguiria qualquer coisa. e também aqueles que usam barba, os que têm mãos bonitas, aqueles de sotaque pernambucano que falam: “ah se a gente se queresse” ou “vamos se ver”. e finalmente, os que levam chapéus. uma pausa para os fetiches nossos de cada dia!!

"- ah, você precisa!" é a segunda vez que se veem. e também a última.

espera abrir o pano: merda pra você! as luzes são acesas todas de uma vez. dentre os fetiches, há também aqueles que se expressam. é mais um deslumbramento a seu favor: o que vem dele é doce, além de cada palavra não-dita, nossa! pode ser a última vez e por isso ele lamenta não ter trazido a câmera. é que ele usa de outras formas de expressão. me disse isso. con ojos así ni le hacía falta. te involucra, te embruja. es casi una magia, le es muy difícil librarse de eso.

não sentia frio com ele. mas ele perdeu o dia, teve febre. quando é que o coração não agüenta e explode na pele? quando é que o que a gente sente transborda? por que nem sempre a gente aguenta?

então, deixe estar. deixa ser esta a última vez. eu fico aqui com a minha insensatez. seu pai não dizia: mais morre afogado quem sabe nadar?

por mais que eu me faça de esquecida, não há trégua.  
já faz um ano. e ainda.

...

(foto by diego saldiva - http://www.diegosaldiva.com/)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

cartas.


é meu, mas desta vez, não fui eu quem fez.
mas porque é tão bonito, devo compartilhar:

"Beijo-te pedaços, pedacinhos arrepiados, no calor às vezes insuportável. Quero-te sem ar-condicionado, também; quero-te sem cerimônias, sem nada além da tua Cor, sem nada além, nem superficialmente colado às tuas vestes.Pois não quero que você sinta frio, ou calor, comigo; quero que você sinta a força do meu calor-guardado, do meu frio-reacordado, do meu interesse pela tua natureza e do meu ser inquieto pela tua cultura de línguas de gata, que me devora quando é simples, que me devora quando é inteira, que é intensa quando és tu." (T.9/5/09)

quarta-feira, 31 de março de 2010

pode ser.


não é que o rio de janeiro começa a tomar corpo? corpo e coração. os lugares começam a ter história.

a feirinha da general osório, onde a sophie me presenteou com brincos de borboleta que não tiro da orelha. a banca de revistas da hilário de gouveia onde, recém-chegada na cidade, comprei um mapa para me ajudar a localizar apês pra morar. o café na livraria do paço com a silvinha. e ainda no centro que eu adoro, o planetário de éder santos (provisório), e a estação da uruguaiana num dia chuvoso onde eu me perdi, mas também achei. das escadas do palácio de tiradentes coloridas pelos personagens do boitatá. a casa abandonada do jockey onde eu adotei a dolores. o largo dos guimarães, num dia "mad max", onde a van esperou o pains que tinha sumido pra comprar chapéu. os muros de grafiti de santa tereza. a feira de domingo onde meu vizinho me leva pra comprar flores. o real chopp onde eu conheci a paula, uma pipa, uma fraude, uma força. das ladeiras do leblon que eu tive de descer no dia do apagão e da rua sambaiba, aconchego de tiju. arcos da lapa e rebecca, bike com a céu, teatro com a sarah, bondinho com luiza, vista chinesa em dia ensolarado, camila e mateus. do primeiro baile funk na estreia do "favela on blast". da descoberta sem querer pra beber água, do forte de copacabana com a aninha. de dançar forró com leôncio, caraivano, na feira de são cristóvão. de rezar na catedral que a gente vê do parque das ruínas pra agradecer 2009. meu apartamento que é de libra. o teatro odisseia onde ganhei abraço inesperado de alguém que declarou que eu lembrava caraíva. que honra! do mar que eu vejo de repente da cobertura do 1206 que me faz parar de reclamar de barriga cheia. o aquário do parque lage, o pavão azul embaixo de casa e o bloco do 104. o paredão de uma garagem na zona sul onde fomos fuzilados por metralhadora d´agua e visconde de pirajá, quando subimos no bus de um bin laden carnavalesco. de olives e dias ferreira. a dias ferreira onde eu conseguia encontrar o rafa. a estação de botafogo no dia da tempestade que fez o palco do guns cair, exatamente lá pra onde a gente ia. a gávea, no dia que o otto cantou só pra bárbara. o chão desenhado do trapiche gamboa, ipanema e os domingos de praia, a orla de copacabana. a rua do jardim botânico mais alegre cantando do leme ao pontal. a casa do gilberto gil com o thiago. a chegada no rio abençoada pelo chorinho do caraivana. o quadro da bahia na esquina da minha sala como amuleto que me servia de consolo no começo. a praça san salvador em laranjeiras onde montamos nosso bloco. a casa do breno e do lê na praia de botafogo, espécie de consulado-nosso-mineiro-no-rio-de-janeiro. a confeitaria suiça de onde veem aqueles croissants divinos que o waldemir traz pro trabalho. boteco salvação, taça de vinho na drinkeria maldita, quartas no democráticos. diários de dias anteriores, diários de dias por vir...  melhor pirar, que parar. por que não?

(foto by thiago daister: bar do mineiro, em santa tereza - naquele domingo que a gente comeu muita feijoada e bombom de morango de sobremesa. have a nitsche day!)

quarta-feira, 10 de março de 2010

nosotras

                                                                            
para "sister" Silvinha Aragão.

y a todas las mujeres, nenas, niñas preciosas, muchachas, chavalas guapas, compañeras, chicas majas.

anteontem foi dia das mulheres. que chatice aquele tanto de propaganda na TV, cartõezinhos virtuais, spams de floriculturas, discursos de vítima. oh!

macho ou fêmea, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, não é?

mas as mulheres, melhor digo, as amigas, irmãs, tias, primas, colegas, mãe, avó, como li num artigo que a si me deixou na portaria, estas realmente merecem homenagem particular!

ainda mais depois de chegar de um final-de-semana florido delas em BH, onde, como disse a Ju em seu blog Tal e Coisa, é cidade de muita mulher bonita/m² e...  homem convencido. realmente, meninas, perto deles ali parece que as mineiras são as mais maneiras.

e já que anteriormente falamos em vínculos, a amizade é marcada por longevidade. amizade é meu maior valor. as amigas são minhas pessoinhas prediletas, que a gente admira, tem fascínio, fica orgulhosa de qualquer bobagem, achamos a mais bonita, a mais interessante, nos sobe o ego por ter uma amiga daquela! amigas são apaixonadas e fazem bodas de ouro. amigas são responsáveis imprescindíveis na minha alegria. elas não julgam, não subestimam, nem bravas maltratam. têm sempre um sorriso, uma farra, uma vozinha doce, um convite, um trunfo, um conforto na manga. são delicadas, empáticas e afetuosas. avante!!

como li no tal artigo no dia internacional da mulher:  "amamos os homens, mas casadas mesmo somos umas com as outras".

amar é...
tin tin, bonitas!!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

amores risíveis



no carnaval é que se percebe, mais ainda, a fragilidade/superficialidade dos laços humanos, ou melhor dizendo, de como estreitamos laços frouxos porque a maioria não sabe mais manter laços a longo prazo. a velocidade de apaixonar-se é a mesma para desapaixonar-se.

a paixão aqui é desfrutar coisas novas e diferentes. é consumo e descarte. da sensação de sede desatada de que o próximo ‘amor’ será uma experiência ainda mais estimulante (do que a atual). pois são inúmeras as possibilidades românticas que surgem e desaparecem numa velocidade crescente e em volume cada vez maior. olha a abundância (foto) e a evidente disponibilidade aíiíííí gente!! pra depois... descartar. ah! o prazer por não se implicar!

não pense você que estou aqui censurando. a questão é: você agüenta?
diz aí, você agüenta mesmo?

disse Bauman: “é uma cultura consumista como a nossa que favorece o produto pronto e imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea (...) a experiência amorosa à semelhança de outras mercadorias, que fascinam, seduzem (...)e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço.”

pr´alguns a abertura tem a aparência de um precipício. como na marchinha de carnaval, rá, disso eu até acho graça! quem já não viveu tal situação? nesse caso, compromisso é a armadilha a ser evitada no esforço de relacionar-se. para se ter o prazer do convívio e evitar os horrores (eu disse h-o-r-r-o-r-e-s) da clausura, a receita é: satisfazer sem oprimir. quer se relacionar? então mantenha distância! quer curtir um convívio? então não assuma nem exija compromisso. e sempre, deixe as portas abertas.

é o desejo quem rege a atualidade consumista. e “desejo é vontade de consumir, absorver, devorar, ingerir, digerir, aniquilar, provar, explorar, tornar familiar e domesticar”. o desejo, diga-se de passagem, não espera, é impulsivo e insaciável. o desejo quer consumir, o amor quer possuir. e possuir dá um trabalho!

esta atualidade consumista (ou nossa mente imediatista?), pensando bem, é bem imatura. me remete ao princípio do prazer de Freud, que existe láááá na infância. já pensou nisso?


by the way, deixo o link pro blog da minha amiga Ju que fez uma reflexão sobre meu amores rizíveis. adorei, juju!! http://talecoisa.blog.terra.com.br/2010/02/24/volatil-amor-reflexao-de-amores-riziveis/

e também uma crônica de Stella Florence: http://itodas.uol.com.br/amor-e-sexo/naufrago

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

PODE VIR QUE TEM


para: silvia aragão, andré gilio, mateus brito, thiago gumarães, camila cesarino e rebecca ratto



cada lugar tem seu encanto, cada encanto tem sua companhia. não dá pra comparar, dizer qual é o melhor. todo tiene sus ventajas y desventajas. sempre achei o carnaval de recife o melhor do mundo. mas tô achando que o carioca vai superar: samba no lugar de frevo, praia no lugar de ladeira - se bem que as ladeiras de olinda têm seu charme, mas a água do mar supera qualquer  pistolinha d´água por perto. já que não dá pra saber qual o melhor, o que pesa é quem está ao redor. se a companhia é maravilhosa fica tudo melhor ainda. por isso,

BEM-VINDO AO BLOCO DO 104!

eis as manchetes do pré-carnaval  05 a 07 de fevereiro de 2010:

AXILAS!!
eram 41º graus sob o suvaco de cristo.

CONCENTRA MAS NÃO SAI
rebecca ratto disfarçada de blackpower combinou vários encontros mas não saiu de perto do caminhão que jogava água. os fãs entendem.

FREVENDO
enquanto o frevo come em recife, nós tomamos cachaça mineira na garrafa de busca vida e sambamos ao batuque do pandeiro de thiago bucho guimarães. ele agitou a galera com pérolas de quanta ladeira.

BAGUNÇANDO O CORETO
minutos antes do show do bucho, andré gilio arrasou como porta-bandeira da praça san salvador em laranjeiras. durante apresentação do bloco rio pandeiro, que naquele momento tocava marchinhas de carnaval, ele era dono do sorriso e do gingado mais gracioso já visto. a crítica deu nota 10!

MEU BEM VOLTO JÁ
depois do suvaco, os integrantes do 104 se dirigiram à ipanema pra ver o empolga. nem todos puderam comparecer. camila teve que faltar por causa da diva rainha do pop que há poucos minutos aterrizava no brasil e solicitava seus cuidados, carol foi brincar de pula-pula em madagascar, e mateus... ah! não vamos falar de trabalho árduo agora!

SHE´S A SENSATION
silvinha antonelli era a mais empolgada do empolga às 9. deu na globo.

QUE MERDA É ESSA
essa mesma silvinha amarrou bloquinho. não queria dizer de jeito nenhum onde estava. e ela já estava lá enquanto ainda sonhávamos com o cara berrando é um real é um real é um real. onde vc está?, perguntamos. atrás do bloco, na calçada, na sombra. depois, que rua? atrás do caminhão do som, de frente pra quem vem da praia. que rua? silêncio. que rua? não dava pra ouvir nada. que rua??? só dava para escutar o batuque. QUE RUA?? as pessoas olhavam a camila com muito medo. mas que porra de rua?????? que porra de rua?? imaginô? agora amassa.

ESCANGALHA
difícil dizer quem mais aproveitou, mas quem menos dormiu sem dúvida foi o mateus. depois de enquadrar as gordinhas cantoras em seu devido lugar, no cardápio daquele restaurante com fila pra entrar e do garçom que não parava de mandar a gente calar a boca (o repertório ainda era vasto e a empolgação...), teve seu momento shumacher. subiu ao podium após vitória de estar ao mesmo tempo em duas cidades. é?????

É , VEM CURTIR A MARÉ CHEIA!


"SUVACO DE CRISTO 25 anos sem sair de cima
é de prata o nosso jubileu
teu Suvaco é de ninguém, menina
quem cheirar, cheirou e quem lamber, lambeu."
(Rafael Dummar / João Cavalcanti / João Fernando)

Pra finalizar,

A FOFOCA DA SEMANA:
colina coralina twitou:  "estou apaixonada. não paro de pensar nele... no carnaval do rio de janeiro."

VEM FAZER PARTE DO BLOCO DO 104

já é!


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

del baúl de los recuerdos




neste último final-de-semana o metallica deu seu pesado ar da graça em são paulo. eu que não fui para economizar para um carnaval fora que acabei adiando para sair atrás dos blocos da cidade maravilhosa, naquela noite não tirei o pensamento de lá.

e me lembrei de um menino que eu gostava na 7ª série. sentávamos no fundão, eu na penúltima carteira, ele na última, atrás de mim. ele tinha o costume de cantar eeeeeexit light eeeeeenter night. assim eu conheci metallica.

ele tinha uma voz maravilhosa e eu achava lindo ficar escutando-o cantar exit light enter night take my hand we're off to never never land. mal sabe ele que me aplicou no metallica. acho que eu até fechava os olhos, pra ouvir melhor, uma espécie de êxtase quando ele cantarolava. eu escutava, gostava, dava uma olhadinha pra trás sorrindo e levava um susto! a voz dele era linda, a música eu adorava mas ele era a própria aberração. ele não era o mais feio da sala, ou do colégio, ele era uma das pessoas mais feias que eu já tinha visto ali nos meus 13 anos. não era feio, era bizarro. hoje sei que pra mim o que era feiúra se inscreveu como beleza exótica nas minhas primeiras escolhas objetais/amorosas. ele nem sonha que é o culpado pela base de meu gosto pelo diferente.

ele também gostava de slayer e suicidal tendencies. eu preferia ramones e bad religion. tínhamos o metallica em comum. é como se ele estivesse aqui balançando na cadeira encostado na parede cantando something's wrong, shut the light heavy thoughts tonight and they aren't of snow white dreams of war, dreams of liars dreams of dragon's fire and of things that will bite eeexit light eeenter night.

quando um dia, descendo a avenida raja gabaglia, descobri que estava apaixonada por ele, e na adolescência isso é tão mais grandioso, fiquei quieta. não tive coragem de contar pra ninguém. porque ele era horrendo. minha paixão ultra platônica era um segredo exclusivo meu. na adolescência a gente ainda não sabe distinguir as coisas, ou talvez naquela época eu não tinha coragem de assumir a preferência por algo bem fora do padrão. daí que, inconfessável foi.

ele não era feio, ele era diferente. o incomum personificado. e ainda sabia cantar. era um deus!

tenho certeza que eles tocaram essa música no show.

now I lay me down to sleep pray the lord my soul to keep if I die before I wake pray the lord my soul to take hush little baby, don't say a word and never mind that noise you heard it's just the beast under your bed in your closet, in your head exit light enter night!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Que pátria te pariu?






rio de janeiro é agora.
belo horizonte é história.
caraíva é o meu lugar.

rio

ainda que não exista programa melhor do que o calçadão do leme ao leblon (foto) ou acordar final-de-semana ensolarado com mensagem dizendo: praia? da excitação dos lugares por primeira vez visitados, pelo prazer de vislumbrar o aterro do flamengo ou o centro da cidade, mesmo que visto da janela de um ônibus sem ar condicionado e seguir de pé para tomar cervejinha numa lapa lotada... mesmo assim, a animação é branda. não se comove. não se comover significa que ainda não, nem seu coração é carioca.

bh

quando compra passagem para sua cidade natal, acorda de manhã e se veste animada. lá os olhos sorriem escancarado quando passam pela praça da estação e a rua da bahia. aquilo tem história, sabe? toca a alma. lembra-se dos shows da adolescência, de quando estudava inglês no icbeu, dos namorados cabeludos que moravam no centro da cidade, das noites toscas no coreto da praça da liberdade. antes de chegar arquiteta encontros, escolhe as pessoas, acha que quer ver todo mundo, mobiliza todo mundo, mas não dá tempo. se alegra, sabe dirigir para todos os lados, sabe onde achar tudo que precisa. não sente o desconforto da sensação de ser estrangeira porque seu sotaque não destoa dos demais. sente-se quentinha acolhida no seu ninho ilusório, efêmero, mentiroso, de promessa impregnada no seu exílio.

o exílio...

caraíva

o lugar.
aqui sim, o coração é baiano, é caraivano.
lá ele chega e não segura a emoção. ele fura, arrebenta na melhor sensação, expande, transborda pela pele que é o que encontra mais frágil. e do choro no retorno que desagua em chuva. chuva. não tempestade duradoura e forte que derruba, destrói, causa enchentes. só chuva que chove breve para refrescar.

para refrescar.

http://www.youtube.com/watch?v=lNzFVMk2_MM