texto escrito no blog do Lagoa:
domingo, 9 de maio de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
trotaMUNDOs*
salamalico! é oi em árabe. já que eu sou troligota, trogodlota, troglodita poliglota. assim ele me disse ontem. hummm quem me dera! talvez se eu ganhasse na mega, sairia aprendendo todos os idiomas em seus respectivos países. tudo que é língua. todas as línguas. um sonho! enquanto isso devo me contentar com ir refinando “jergas” cubanas na 'generación y' e escutando os idiomas ríspidos e tão familiares na delicadeza de abas kiarostami. ser una trotamundos otra vez. um desejo! pode ser pura aflição: o melhor lugar é onde a gente não está, me disse uma amiga uma vez. essa vontade inquieta é “algo que viene y va. que mueve todo el tiempo. es extraordinario.” não sei se é não, extraordinário. às vezes é quase uma dor. enquanto a cabeça está no ar e os pés no chão, devo me satisfazer imitando as boquinhas em jackes tati, tentando aprender a pronunciar de uma vez por todas aquele “u” que parece que só sabe quem nasceu falando francês. essa coceirinha de sair por aí trotando mundos, esse ferrinho de dentista que freqüentemente me acomete é o que os existencialistas chamam da falta –imprescindível- que nos move. entre uma pausa e outra, quando essa frenética descansa, o jeito é ir percebendo a delícia da entonação dos chineses nos filmes de wong kar wai. quem tem alma não tem calma, já dizia fernando pessoa.
(foto by pedro david)
(foto by pedro david)
*trotamundos. 1. com. Persona aficionada a viajar y recorrer países (según la RAE)
terça-feira, 27 de abril de 2010
COPACABANA: sua versão minha tradução
l´ amour est un jeu
plus facile d´ y rentrer
que d´en sortir.
inferno de sensações:
ahora,
tengo tu olor conmigo,
y él no se deja lavar.
aún,
tengo mi beso contenido,
por horas, hasta decirte que me gustaría besarte,
¿te acuerdas? estaba tímido.
pienso en ti cogiendo mi mano
tras haber dado una sonrisa menos tímida que la mía,
y guiándome tras contarme alguna mentira
sobre adolescentes que tocan rock.
tú entonces arrastrándome mientras yo me dejaba llevar.
como solía hacer cuando iba hacia el mar
y dejaba la ola acertarme.
pero con el mar no se juega,
ya se lo decía mi padre.
entonces...
no puedo estar ahí contigo.
no puedo estar ahí contigo.
creo que no aguantaría.
deberá ser bonito mirarte a la orilla del mar.
(...)
tempestades de incertezas:
en sueño pegaba fotos en las paredes de copacabana,
garabateaba frases sobre los bancos de las plazas.
como si adivinase por donde pasas.
ah, mis ojos! eran como canicas tiradas a tu suerte.
pero.
sí, tan solo es pero.
y ya es lo suficiente.
estaremos los dos
asimilados y ausentes.
que sea un año, que sean diez,
la puerta aún estará cerrada,
no estará trancada.
eres parte de la seña, de la llave.
encontrei açúcar nas palavras que colheu pra mim.
encontrei açúcar nas palavras que colheu pra mim.
eres mi secreto.
(...)
ausência é um estar em mim:
un día más y aún pienso en ti,
desde, aún.
voy a fotografiar el silencio, como lo hizo Manoel.
voy a fotografiar el nunca
y las rimas que me faltan.
espero que a ti te gusten,
siempre lo esperé.
por cierto, espero que a ti te guste todo.
serão retratos seus.
(...)
(...)
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Boquitas pintadas
Sempre gostei de batom vermelho, sempre gostei de batom. Eis a explicação como homenagem para os 90 anos bem vividos da nossa avó Marietta, em texto escrito pela tia Ju, que diga-se de passagem: ela também é um desbunde! Segue:
"Lá vai a nossa trajetória familiar.... Quando pequenos , tivemos uma mãe extremamente avançada para a época. Trabalhava fora, vinha todos os dias sentar à mesa para o almoço. Mesa posta, guardanapos e talheres arrumados em seus lugares, comida servida em travessas como manda o figurino. Aí, a conversa rola e os ensinamentos fluem. Como devem ser feitos os deveres de casa, corrige os modos à mesa. Faz elogios quando merecidos e repreende assim que precisa. Vamos dar um pulo no tempo. Filhos criados saindo para trabalhar. Para a primogênita fez um belo discurso sobre ética, educação e logicamente sobre honestidade. Neste último item em um longo discurso que pode ser resumido em uma parábola. Pois é, você é uma moça bonita, educada, bom caráter. Vou lhe dar um presente que vai lhe acompanhar para o resto da vida. Era um batom vermelho. Achei lindo, uso, usarei sempre e passarei para as outras gerações.A minha ficha de primogênita só veio cair quando fiz uma linda festa para comemorar meus 60 anos. Idealizei toda a festa e queria um símbolo da minha imagem. Usei no convite que dizia...Percorri a minha estória e encontrei mais pesssoas que nomes.Convite feito, o cenário tinha que ser montado. Olhei no espelho e procurei o que mais gostava da imagem. Tive uma grande surpresa. Uma boca, com batom vermelho e dentes muitos brancos que emolduravam um grande sorriso. Pensei, quero mil boquinhas de batom, sorrrindo. Pensei, como uma mulher de 60 anos pode escolher este símbolo para retratar sua imagem? Que susto levei, quando lá no inconsciente veio uma voz muito conhecida. Era a voz da minha mãe dizendo que aquele batom oferecido era para que nunca fizesse nada de errado, para eu não sorrir amarelo. Entendi que aquele ensinamento havia passado para meus flhos. Espero que passem para os meus netos. Fiz isto durante a minha vida que continua plena e bem vivida. Levei o ensinamento para minha vida com o meu marido que amo até hoje. Este amor só é verdadeiro porque tem respeito, carinho e cumplicidade.Tomara que todos os descendentes da minha mãe tenham esta luz da sabedoria dela. Acredito que este símbolo do batom, perdure sempre. Ele é lúdico, colorido e sinaliza felicidade. Que maravilha ter uma mãe que coloca cor e luz na nossa vida. Tomara que todas as mães ou mulheres de nossa família tenham o dom de colorir até os dias de chuva. Afinal existem sombrinhas e galochas. Viva a vida viva a alegria................. "
by Ju Fagundes
E já que falamos em batom, aproveito para divulgar o concurso cultural promovido n´O batom de Capitu:
quarta-feira, 14 de abril de 2010
chunga.
ou hoje não se sente titã.
PRO MEU AMIGO MARIO!
já que nem sempre "a vida até parece uma festa"
chega faminta em casa e estraga a porta quebrando castanhas.
também já estragou o ventilador nestas crises de ansiedade de quem tem pressa.
pressa de?
brinca com o gato que lhe arranha feio a perna.
com essa chuva ele não pode sair e se entedia nesse lar tão pequeno, o pobre!
varre a casa como todos os dias
e tem a infelicidade de lembrar que a máquina de lavar está "rota".
dessa vez não foi ela quem estragou.
não tem dinheiro para consertá-la.
não tem dinheiro nem pra faxina, a pobre!
em dias de amélia se põe imaginando quando aquilo vai acabar.
menos mal que hoje não esteja de tpm.
olha da janela e pensa que mora num cortiço.
e quando sai na rua só vê aberrações.
ela mesma é a própria aberração, só que ninguém percebe.
de novo, botou pilha numa galera mas não conseguiu sair de casa.
lê uma carta antiga e percebe como anda histérica.
só colocando lenha na fogueira, provocando qualquer resposta.
lo que pasa es que no solía ser así.
además, ahora le toca un insomnio que le jode.
já teve insônia antes, mas curou ficando sócia da biblioteca.
já atacou a geladeira, mas agora escolhe coisas mais saudáveis,
ao menos.
se pelo menos tivesse "la plata" pra terapia, lamenta.
é hoje!
quem dera se tivesse 20 anos e uma viagem pro nepal pra daqui uma semana.
wheter i´m in your arms or i´m at your feet (plagiando the strokes só porque achou so cute).
o telefone toca à 1 da manhã, mas a esta hora melhor nem atender.
se pelo menos essa chuva que cai incansável lavasse a sua alma!
só faltava ligar a tv ou ler uma marie claire.
ah nããããão, isso não!
nem tudo está perdido,
é só porque de vez em quando, é bom dar uma de:
ohhhhhhhh, i feel blue.
foto: cinderella, by dina goldstein, "fallen princesses"
sexta-feira, 9 de abril de 2010
INACABADO
“... sonreía sin sorpresa,
convencida como yo de que un encuentro casual era lo menos casual en nuestras vidas,
y que la gente que se da citas precisas es la misma que necesita papel rayado para escribirse
o que aprieta desde abajo el tubo de dentrífico.”
(Julio Cortazar - La Rayuela)
¡oye, cariño¡, respondendo sua pergunta, eu lembro, sim. e adoro! e se fossem outros tempos, eu também diria que soubemos aproveitar. não se preocupe comigo, você não me despedaça. o que foi já faz parte, ainda, não é? e “quando você for embora para bem distante e chegar a hora de dizer adeus” eu não quero estar lá pra me despedir.
era tão encantador, ele, que uma vez, um casal que cruzou na estrada, deu-lhe um presente, uma passagem de volta ao mundo. com olhos assim, ele conseguiria qualquer coisa. daí ele foi, mas se cansava e queria ir logo embora. imagino que só ele se cansava, as pessoas nunca se cansavam dele.
tem olhos bonitos e um jeito quieto. diz que prefere se expressar de outras maneiras. mas isso eu já tinha percebido, um par de dias antes, quando o vi entrar.
naquela casa era música espanhola e livros espalhados, três ou quatro em cada canto. filmes, desenhos, fotografias. sempre havia louça na pia, café recien hecho e ovos de páscoa. lá fora chovia.
aquela tarde estavam todos na sala. mas ele, na cozinha, me vendo lavar a louça. sentado quieto, aquele jeito quieto dele, numa cadeira que posicionara bem próximo de mim, com a xícara de café na mão e os olhos baixos, ele disse como que sussurrando: “eu precisava vir para te dar um oi.” “o quê?” – não acreditei no que ouvia. “eu precisava vir.” – disse agora olhando pra mim, pale green eyes.
com olhos assim, ele conseguiria qualquer coisa. e também aqueles que usam barba, os que têm mãos bonitas, aqueles de sotaque pernambucano que falam: “ah se a gente se queresse” ou “vamos se ver”. e finalmente, os que levam chapéus. uma pausa para os fetiches nossos de cada dia!!
"- ah, você precisa!" é a segunda vez que se veem. e também a última.
espera abrir o pano: merda pra você! as luzes são acesas todas de uma vez. dentre os fetiches, há também aqueles que se expressam. é mais um deslumbramento a seu favor: o que vem dele é doce, além de cada palavra não-dita, nossa! pode ser a última vez e por isso ele lamenta não ter trazido a câmera. é que ele usa de outras formas de expressão. me disse isso. con ojos así ni le hacía falta. te involucra, te embruja. es casi una magia, le es muy difícil librarse de eso.
não sentia frio com ele. mas ele perdeu o dia, teve febre. quando é que o coração não agüenta e explode na pele? quando é que o que a gente sente transborda? por que nem sempre a gente aguenta?
então, deixe estar. deixa ser esta a última vez. eu fico aqui com a minha insensatez. seu pai não dizia: mais morre afogado quem sabe nadar?
por mais que eu me faça de esquecida, não há trégua.
já faz um ano. e ainda.
...
...
(foto by diego saldiva - http://www.diegosaldiva.com/)
segunda-feira, 5 de abril de 2010
cartas.
é meu, mas desta vez, não fui eu quem fez.
mas porque é tão bonito, devo compartilhar:
mas porque é tão bonito, devo compartilhar:
"Beijo-te pedaços, pedacinhos arrepiados, no calor às vezes insuportável. Quero-te sem ar-condicionado, também; quero-te sem cerimônias, sem nada além da tua Cor, sem nada além, nem superficialmente colado às tuas vestes.Pois não quero que você sinta frio, ou calor, comigo; quero que você sinta a força do meu calor-guardado, do meu frio-reacordado, do meu interesse pela tua natureza e do meu ser inquieto pela tua cultura de línguas de gata, que me devora quando é simples, que me devora quando é inteira, que é intensa quando és tu." (T.9/5/09)
quarta-feira, 31 de março de 2010
pode ser.
não é que o rio de janeiro começa a tomar corpo? corpo e coração. os lugares começam a ter história.
a feirinha da general osório, onde a sophie me presenteou com brincos de borboleta que não tiro da orelha. a banca de revistas da hilário de gouveia onde, recém-chegada na cidade, comprei um mapa para me ajudar a localizar apês pra morar. o café na livraria do paço com a silvinha. e ainda no centro que eu adoro, o planetário de éder santos (provisório), e a estação da uruguaiana num dia chuvoso onde eu me perdi, mas também achei. das escadas do palácio de tiradentes coloridas pelos personagens do boitatá. a casa abandonada do jockey onde eu adotei a dolores. o largo dos guimarães, num dia "mad max", onde a van esperou o pains que tinha sumido pra comprar chapéu. os muros de grafiti de santa tereza. a feira de domingo onde meu vizinho me leva pra comprar flores. o real chopp onde eu conheci a paula, uma pipa, uma fraude, uma força. das ladeiras do leblon que eu tive de descer no dia do apagão e da rua sambaiba, aconchego de tiju. arcos da lapa e rebecca, bike com a céu, teatro com a sarah, bondinho com luiza, vista chinesa em dia ensolarado, camila e mateus. do primeiro baile funk na estreia do "favela on blast". da descoberta sem querer pra beber água, do forte de copacabana com a aninha. de dançar forró com leôncio, caraivano, na feira de são cristóvão. de rezar na catedral que a gente vê do parque das ruínas pra agradecer 2009. meu apartamento que é de libra. o teatro odisseia onde ganhei abraço inesperado de alguém que declarou que eu lembrava caraíva. que honra! do mar que eu vejo de repente da cobertura do 1206 que me faz parar de reclamar de barriga cheia. o aquário do parque lage, o pavão azul embaixo de casa e o bloco do 104. o paredão de uma garagem na zona sul onde fomos fuzilados por metralhadora d´agua e visconde de pirajá, quando subimos no bus de um bin laden carnavalesco. de olives e dias ferreira. a dias ferreira onde eu conseguia encontrar o rafa. a estação de botafogo no dia da tempestade que fez o palco do guns cair, exatamente lá pra onde a gente ia. a gávea, no dia que o otto cantou só pra bárbara. o chão desenhado do trapiche gamboa, ipanema e os domingos de praia, a orla de copacabana. a rua do jardim botânico mais alegre cantando do leme ao pontal. a casa do gilberto gil com o thiago. a chegada no rio abençoada pelo chorinho do caraivana. o quadro da bahia na esquina da minha sala como amuleto que me servia de consolo no começo. a praça san salvador em laranjeiras onde montamos nosso bloco. a casa do breno e do lê na praia de botafogo, espécie de consulado-nosso-mineiro-no-rio-de-janeiro. a confeitaria suiça de onde veem aqueles croissants divinos que o waldemir traz pro trabalho. boteco salvação, taça de vinho na drinkeria maldita, quartas no democráticos. diários de dias anteriores, diários de dias por vir... melhor pirar, que parar. por que não?
(foto by thiago daister: bar do mineiro, em santa tereza - naquele domingo que a gente comeu muita feijoada e bombom de morango de sobremesa. have a nitsche day!)
(foto by thiago daister: bar do mineiro, em santa tereza - naquele domingo que a gente comeu muita feijoada e bombom de morango de sobremesa. have a nitsche day!)
quarta-feira, 10 de março de 2010
nosotras
para "sister" Silvinha Aragão.
y a todas las mujeres, nenas, niñas preciosas, muchachas, chavalas guapas, compañeras, chicas majas.
anteontem foi dia das mulheres. que chatice aquele tanto de propaganda na TV, cartõezinhos virtuais, spams de floriculturas, discursos de vítima. oh!
macho ou fêmea, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, não é?
mas as mulheres, melhor digo, as amigas, irmãs, tias, primas, colegas, mãe, avó, como li num artigo que a si me deixou na portaria, estas realmente merecem homenagem particular!
ainda mais depois de chegar de um final-de-semana florido delas em BH, onde, como disse a Ju em seu blog Tal e Coisa, é cidade de muita mulher bonita/m² e... homem convencido. realmente, meninas, perto deles ali parece que as mineiras são as mais maneiras.
e já que anteriormente falamos em vínculos, a amizade é marcada por longevidade. amizade é meu maior valor. as amigas são minhas pessoinhas prediletas, que a gente admira, tem fascínio, fica orgulhosa de qualquer bobagem, achamos a mais bonita, a mais interessante, nos sobe o ego por ter uma amiga daquela! amigas são apaixonadas e fazem bodas de ouro. amigas são responsáveis imprescindíveis na minha alegria. elas não julgam, não subestimam, nem bravas maltratam. têm sempre um sorriso, uma farra, uma vozinha doce, um convite, um trunfo, um conforto na manga. são delicadas, empáticas e afetuosas. avante!!
como li no tal artigo no dia internacional da mulher: "amamos os homens, mas casadas mesmo somos umas com as outras".
amar é...
tin tin, bonitas!!
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
amores risíveis
no carnaval é que se percebe, mais ainda, a fragilidade/superficialidade dos laços humanos, ou melhor dizendo, de como estreitamos laços frouxos porque a maioria não sabe mais manter laços a longo prazo. a velocidade de apaixonar-se é a mesma para desapaixonar-se.
a paixão aqui é desfrutar coisas novas e diferentes. é consumo e descarte. da sensação de sede desatada de que o próximo ‘amor’ será uma experiência ainda mais estimulante (do que a atual). pois são inúmeras as possibilidades românticas que surgem e desaparecem numa velocidade crescente e em volume cada vez maior. olha a abundância (foto) e a evidente disponibilidade aíiíííí gente!! pra depois... descartar. ah! o prazer por não se implicar!
não pense você que estou aqui censurando. a questão é: você agüenta?
diz aí, você agüenta mesmo?
disse Bauman: “é uma cultura consumista como a nossa que favorece o produto pronto e imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea (...) a experiência amorosa à semelhança de outras mercadorias, que fascinam, seduzem (...)e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço.”
pr´alguns a abertura tem a aparência de um precipício. como na marchinha de carnaval, rá, disso eu até acho graça! quem já não viveu tal situação? nesse caso, compromisso é a armadilha a ser evitada no esforço de relacionar-se. para se ter o prazer do convívio e evitar os horrores (eu disse h-o-r-r-o-r-e-s) da clausura, a receita é: satisfazer sem oprimir. quer se relacionar? então mantenha distância! quer curtir um convívio? então não assuma nem exija compromisso. e sempre, deixe as portas abertas.
é o desejo quem rege a atualidade consumista. e “desejo é vontade de consumir, absorver, devorar, ingerir, digerir, aniquilar, provar, explorar, tornar familiar e domesticar”. o desejo, diga-se de passagem, não espera, é impulsivo e insaciável. o desejo quer consumir, o amor quer possuir. e possuir dá um trabalho!
esta atualidade consumista (ou nossa mente imediatista?), pensando bem, é bem imatura. me remete ao princípio do prazer de Freud, que existe láááá na infância. já pensou nisso?
by the way, deixo o link pro blog da minha amiga Ju que fez uma reflexão sobre meu amores rizíveis. adorei, juju!! http://talecoisa.blog.terra.com.br/2010/02/24/volatil-amor-reflexao-de-amores-riziveis/
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
PODE VIR QUE TEM
para: silvia aragão, andré gilio, mateus brito, thiago gumarães, camila cesarino e rebecca ratto
cada lugar tem seu encanto, cada encanto tem sua companhia. não dá pra comparar, dizer qual é o melhor. todo tiene sus ventajas y desventajas. sempre achei o carnaval de recife o melhor do mundo. mas tô achando que o carioca vai superar: samba no lugar de frevo, praia no lugar de ladeira - se bem que as ladeiras de olinda têm seu charme, mas a água do mar supera qualquer pistolinha d´água por perto. já que não dá pra saber qual o melhor, o que pesa é quem está ao redor. se a companhia é maravilhosa fica tudo melhor ainda. por isso,
BEM-VINDO AO BLOCO DO 104!
eis as manchetes do pré-carnaval 05 a 07 de fevereiro de 2010:
AXILAS!!
eram 41º graus sob o suvaco de cristo.
CONCENTRA MAS NÃO SAI
rebecca ratto disfarçada de blackpower combinou vários encontros mas não saiu de perto do caminhão que jogava água. os fãs entendem.
FREVENDO
enquanto o frevo come em recife, nós tomamos cachaça mineira na garrafa de busca vida e sambamos ao batuque do pandeiro de thiago bucho guimarães. ele agitou a galera com pérolas de quanta ladeira.
BAGUNÇANDO O CORETO
minutos antes do show do bucho, andré gilio arrasou como porta-bandeira da praça san salvador em laranjeiras. durante apresentação do bloco rio pandeiro, que naquele momento tocava marchinhas de carnaval, ele era dono do sorriso e do gingado mais gracioso já visto. a crítica deu nota 10!
MEU BEM VOLTO JÁ
depois do suvaco, os integrantes do 104 se dirigiram à ipanema pra ver o empolga. nem todos puderam comparecer. camila teve que faltar por causa da diva rainha do pop que há poucos minutos aterrizava no brasil e solicitava seus cuidados, carol foi brincar de pula-pula em madagascar, e mateus... ah! não vamos falar de trabalho árduo agora!
SHE´S A SENSATION
silvinha antonelli era a mais empolgada do empolga às 9. deu na globo.QUE MERDA É ESSA
essa mesma silvinha amarrou bloquinho. não queria dizer de jeito nenhum onde estava. e ela já estava lá enquanto ainda sonhávamos com o cara berrando é um real é um real é um real. onde vc está?, perguntamos. atrás do bloco, na calçada, na sombra. depois, que rua? atrás do caminhão do som, de frente pra quem vem da praia. que rua? silêncio. que rua? não dava pra ouvir nada. que rua??? só dava para escutar o batuque. QUE RUA?? as pessoas olhavam a camila com muito medo. mas que porra de rua?????? que porra de rua?? imaginô? agora amassa.
ESCANGALHA
difícil dizer quem mais aproveitou, mas quem menos dormiu sem dúvida foi o mateus. depois de enquadrar as gordinhas cantoras em seu devido lugar, no cardápio daquele restaurante com fila pra entrar e do garçom que não parava de mandar a gente calar a boca (o repertório ainda era vasto e a empolgação...), teve seu momento shumacher. subiu ao podium após vitória de estar ao mesmo tempo em duas cidades. é?????
É , VEM CURTIR A MARÉ CHEIA!
"SUVACO DE CRISTO 25 anos sem sair de cima
é de prata o nosso jubileu
teu Suvaco é de ninguém, menina
quem cheirar, cheirou e quem lamber, lambeu."
(Rafael Dummar / João Cavalcanti / João Fernando)
Pra finalizar,
A FOFOCA DA SEMANA:
colina coralina twitou: "estou apaixonada. não paro de pensar nele... no carnaval do rio de janeiro."
VEM FAZER PARTE DO BLOCO DO 104
já é!
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
del baúl de los recuerdos
neste último final-de-semana o metallica deu seu pesado ar da graça em são paulo. eu que não fui para economizar para um carnaval fora que acabei adiando para sair atrás dos blocos da cidade maravilhosa, naquela noite não tirei o pensamento de lá.
e me lembrei de um menino que eu gostava na 7ª série. sentávamos no fundão, eu na penúltima carteira, ele na última, atrás de mim. ele tinha o costume de cantar eeeeeexit light eeeeeenter night. assim eu conheci metallica.
ele tinha uma voz maravilhosa e eu achava lindo ficar escutando-o cantar exit light enter night take my hand we're off to never never land. mal sabe ele que me aplicou no metallica. acho que eu até fechava os olhos, pra ouvir melhor, uma espécie de êxtase quando ele cantarolava. eu escutava, gostava, dava uma olhadinha pra trás sorrindo e levava um susto! a voz dele era linda, a música eu adorava mas ele era a própria aberração. ele não era o mais feio da sala, ou do colégio, ele era uma das pessoas mais feias que eu já tinha visto ali nos meus 13 anos. não era feio, era bizarro. hoje sei que pra mim o que era feiúra se inscreveu como beleza exótica nas minhas primeiras escolhas objetais/amorosas. ele nem sonha que é o culpado pela base de meu gosto pelo diferente.
ele também gostava de slayer e suicidal tendencies. eu preferia ramones e bad religion. tínhamos o metallica em comum. é como se ele estivesse aqui balançando na cadeira encostado na parede cantando something's wrong, shut the light heavy thoughts tonight and they aren't of snow white dreams of war, dreams of liars dreams of dragon's fire and of things that will bite eeexit light eeenter night.
quando um dia, descendo a avenida raja gabaglia, descobri que estava apaixonada por ele, e na adolescência isso é tão mais grandioso, fiquei quieta. não tive coragem de contar pra ninguém. porque ele era horrendo. minha paixão ultra platônica era um segredo exclusivo meu. na adolescência a gente ainda não sabe distinguir as coisas, ou talvez naquela época eu não tinha coragem de assumir a preferência por algo bem fora do padrão. daí que, inconfessável foi.
ele não era feio, ele era diferente. o incomum personificado. e ainda sabia cantar. era um deus!
tenho certeza que eles tocaram essa música no show.
tenho certeza que eles tocaram essa música no show.
now I lay me down to sleep pray the lord my soul to keep if I die before I wake pray the lord my soul to take hush little baby, don't say a word and never mind that noise you heard it's just the beast under your bed in your closet, in your head exit light enter night!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Que pátria te pariu?
rio de janeiro é agora.
belo horizonte é história.
caraíva é o meu lugar.
belo horizonte é história.
caraíva é o meu lugar.
rio
ainda que não exista programa melhor do que o calçadão do leme ao leblon (foto) ou acordar final-de-semana ensolarado com mensagem dizendo: praia? da excitação dos lugares por primeira vez visitados, pelo prazer de vislumbrar o aterro do flamengo ou o centro da cidade, mesmo que visto da janela de um ônibus sem ar condicionado e seguir de pé para tomar cervejinha numa lapa lotada... mesmo assim, a animação é branda. não se comove. não se comover significa que ainda não, nem seu coração é carioca.
bh
quando compra passagem para sua cidade natal, acorda de manhã e se veste animada. lá os olhos sorriem escancarado quando passam pela praça da estação e a rua da bahia. aquilo tem história, sabe? toca a alma. lembra-se dos shows da adolescência, de quando estudava inglês no icbeu, dos namorados cabeludos que moravam no centro da cidade, das noites toscas no coreto da praça da liberdade. antes de chegar arquiteta encontros, escolhe as pessoas, acha que quer ver todo mundo, mobiliza todo mundo, mas não dá tempo. se alegra, sabe dirigir para todos os lados, sabe onde achar tudo que precisa. não sente o desconforto da sensação de ser estrangeira porque seu sotaque não destoa dos demais. sente-se quentinha acolhida no seu ninho ilusório, efêmero, mentiroso, de promessa impregnada no seu exílio.
o exílio...
caraíva
o lugar.
aqui sim, o coração é baiano, é caraivano.
lá ele chega e não segura a emoção. ele fura, arrebenta na melhor sensação, expande, transborda pela pele que é o que encontra mais frágil. e do choro no retorno que desagua em chuva. chuva. não tempestade duradoura e forte que derruba, destrói, causa enchentes. só chuva que chove breve para refrescar.
para refrescar.
http://www.youtube.com/watch?v=lNzFVMk2_MM
http://www.youtube.com/watch?v=lNzFVMk2_MM
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
O Retratista e a Paixão à Primeira Vista*
Começo
“Nas palmas de tuas mãos leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas, interferindo no teu destino.”
Cora Coralina
Emmanuelle Cienfuegos, a jovem parisiense universitária, está de folga. É janeiro de 2004, tem férias e grana curta, assim que não vai viajar neste inverno. Contra sua vontade, mas nem tanta, permanece em Nerja, el pueblo español donde vive. Um balneário de casinhas brancas no sul da Espanha, cuja população triplica no verão, que na Europa é em agosto.
Sexta-feira passada, naquele bar underground onde adora ir quando quer se acabar, cruzou, quando descia as escadas (para o inferno), com um muchacho de cabelo vermelho. Ele estava indo embora já, mas foi suficiente para um relance: lembrou-se dele há dois anos atrás, no cinema. Sabe até a sessão, um filme de Truffaut, em preto e branco. O menino de cabelo vermelho, chamou-lhe a atenção. Naquele dia e no seguinte, ficou vidrada nele. Depois esqueceu.
Mas de novo, que coincidência, ele atravessa o seu caminho. Vê seu nome no El País. Lê no jornal que hoje abre uma exposição sua. Descobre seu nome, é Pierre, Pierre Chateau Blanc. Parece brincadeira, mas daí ela acha sua foto num site de Internet. E pelo site, seu e-mail. Com este nome, ele deve ser francês que nem ela.
À toa que estava, com as mãos e a cabeça vazia, eis que lhe vem C.L. na cabeça: inventa um e-mail e cria um nome para comunicar-se com ele.
As cortinas do quarto de Emmanuelle são verdes e vermelhas. Gosta de cores, cores de Almodóvar. Veste-se de petit poá e óculos de lentes grandes. Compra mais livros do que lê e adora echar una siesta no sofá da sala da casa de sua mãe.
De Pierre ainda não sabe nada. Só do que vê. Sim, tinha muito pra ver. Por isso, inventa três linhas para ele. Acha graça, envia, esquece.
Ingenuinamente esquece.
Passa um par de semanas. Opa! Emmanuelle se lembra de Pierre Chateau Blanc e do e-mail inventado. Digita o nome, Amelie, mas tem certa dificuldade para recordar a senha... ah sim, senha: vcehmtolindo. Ele diria mais tarde: esse nome que você escolheu é legal! E ela lhe perguntaria: e a senha, você viu? Ele: aí você pegou pesado. Ela acessa sua conta. Está atônita. El muchacho de cabelo vermelho havia respondido:
ESTAVA VIAJANDO. ACABEI DE CHEGAR. IDENTIFIQUE-SE.
Seria um começo de futuro longo e linhas tortas.
Meio
“Porque para te escrever, eu me perfumo toda”.
Clarice Lispector
Emmanuelle que não só no nome, tem fogo correndo nas veias, engata com o desconhecido uma conversa virtual que rende.
Ele está tão curioso. Ela sabe quem ele é, ele nem ideia de quem ela seja. O momento é ideal para ambos, por isto, a historinha flui, como geléia de framboesa, a preferida de sua futura sogra.
A vontade transborda. Ele começa a chama-la de Audrey, não mais Amelie. Se divertem e ele indaga-lhe como se risse: O que você vai fazer se me vir no El Caminito? Vai se dirigir à minha mesa, esticar o braço, apertar minha mão e dizer: Oi, Pierre. Sou a Audrey”?
Já não se agüentavam. Situação s-u-r-r-e-a-l. Ele lhe manda seu número de telefone e diz: Estarei o dia inteiro ao lado do telefone. Me liga.
Enquanto dirige, ela liga. No meio de Here Comes your Man, escuta a voz dele. Congela, desliga. Quase o convida pra uma festa. Não vai à festa e descobre no dia seguinte que ele foi. El mundo es un pañuelo, conclui.
Coragem lhe falta. Corajoso é ele de topar encontrar-se com ela. Dias depois ela liga. Eles combinam de se encontrar finalmente. Ele pergunta: Audrey, você gostou da minha voz? A voz dele é maravilhosa, e mais tarde descobriria suas mãos.
Com jeito simples de coisa boba ela se veste para encontrar com ele, ao mesmo tempo que arruma sua mochila. Aquele dia iria para Sierra Nevada esquiar com as amigas. As férias já estavam acabando.
O coração dele é montanha-russa. Já ela, vai com ar leve e sobe tranqüila os três degraus do café onde combinaram de encontrar-se, enquanto pensa: ¡jo!, este blind date daria um belo tema pra uma redação de inglês.
Assim que a vê, Pierre reconhece-a no ato. Nerja es un pueblo pequeño, assim que já a havia visto antes. Seu rosto, além de familiar, e ela inteira, le gusta muchísimo. Sorri como se já a conhecesse de outros carnavais. E respira pausadamente, aliviado por não ter embarcado numa furada! Pelo menos não até agora.
Ele é retratista, como diria sua avó. Sobre a mesa do café, entre as revistas de fotografia, está uma câmera antiga dele, Olga se chama, que ela pensa ser de brinquedo. Faz-lhe uma foto, que mais tarde, enviaria dizendo: eu já sabia que você era linda.
Eles conversam muito, riem muito, riem da situação. Veem fotografias e bebem café au chocolat, a bebida predileta de Emmanuelle.
Ela sente um calor! Ele não perde a deixa: Deixa eu te dar um beijo pra ver se passa. ¡OLÉ!
As amigas vão buscá-la. Ainda não é verão, mas não interessa, nos cumes de Granada, sempre há neve. Pierre a acompanha. Ela lamenta ter que ir. Vai completamente apaixonada dentro do carro no burburinho da conversa das meninas e é despertada por uma mensagem que chega do seu mais recente objeto de desejo. É seu Pierre Chateau Blanc: Esqueci de dizer, você é linda.
Ai, ai... A vida não poderia ser mais cor-de-rosa para Emmanuelle.
Fim
“O amor pulou o muro
O amor subiu na árvore
Em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou...”
Carlos Drummond de Andrade
Emmanuelle Cienfuegos e suas amigas universitárias esquiam muito em Sierra Nevada e se divertem horrores. Ela quase não se lembra do muchacho de cabelo vermelho. Tiene la cabeza llena de pájaros e quase não distingue se foi real.
Mas quando volta às aulas, abre seu e-mail e lá tem um recado de Pierre: quero te ver de novo. Ela também queria vê-lo: ainda quero te ver muitas vezes.
Eles namoram. Tudo dá certo. Ele enche sua casa de flores. Ela passa muito tempo em seu sofá. Ele trabalha muito em casa. Bebem muitas garrafas de vinho rosé.
Ela cuida de seu gato enquanto ele viaja. Ele traz-lhe presentes originais e mói o café que serve pra ela em xícara de barro.
Eles vão esquiar em Granada, viajam de carro por Andalucía e pelo sul da França.
Ela chora no travesseiro. As amigas se surpreendem, o nariz dela está sempre vermelhinho. Ela só faz comprar lenços de papel e chorar.
Pierre não tem sentimentos.
Emmanuelle não se reconhece.
Pierre troca Emmanuelle por outra Emmanuelle e logo por Dominique.
Emmanuelle não consegue estar no mesmo lugar que Pierre. Seu coraçãozinho está débil.
O amor se estrepou.
Pierre continua sua vida.
A fila parece que só anda para Pierre.
“... daqui estou vendo o sangue
Que corre do corpo andrógino
Essa ferida, meu bem,
Às vezes não sara nunca
Às vezes sara amanhã.”
Carlos Drummond de Andrade.
Que tédio!!
*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real será mera coincidência.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Sensações.
semana passada vi no cinema o filme novo do almodóvar, "los abrazos rotos" (em português "abraços partidos"). não sei se consigo explicar a sensação do que é você amar um diretor de cinema e ficar contando os dias para a estreia de um novo filme seu. de sentir o friozinho na barriga ali sentada na poltrona, da alegria mesmo, da deliciosa expectativa de ver as cores fortes dele em especial e de suas músicas começando na tela. do gozo que é desfrutar cada cena dele. suas cores, seu cenário, as roupas exageradas, o roteiro, as canções, tudo te invade, te enche, te completa. você só quer estar ali. você agradece. ai, é um consolo.
na dor pede-se bálsamo, na inquietação ou na ansiedade, o quê? uns tomam calmante, outros gritam no travesseiro, alguns precisam ir dar uma volta, ficar sozinhos, comer, encher a cara, sei lá! meu remédio sempre foi ir ao cinema. nas épocas de adolescência quando tinha prova de física, química que me deixavam tensa, eu corria pro cinema. na faculdade, em tempos tranquilos, quando podia pegar a sessão das duas da tarde, em dias de prova de psicofisiologia, neuroanatomia, que me queimavam todos os neurônios... para aquietar, cinema!! saía leve.
tem umas sensações que não queremos sentir. medo, por exemplo. medo do novo. como a sensação na sala de espera na primeira sessão de terapia. você pensa: ai, eu queria tanto estar no dentista! o medo de se expor te congela. medo de ouvir não. medo de chegar num lugar novo, vontade de ficar, de não ir. o medo quando passa pelo existencial, te move, faz bem. desadaptar-se, sair do quentinho, sempre gera desconforto, claro, mas acomodar de novo, ao novo, traz alívio. sensação boa de novo. o novo, o diferente.
só uma pausa, pode ser? outro dia, no meio de uma discussão me disseram isso: wim wenders e aprendenders. eu tive que me segurar pra não rir. adorei!!
esse impacto fulminante e divino que o cinema me causa vem também de bertolucci, woody allen, wim wenders, wong kar-wai... é tão básico, mas numa entrevista com david lynch, na pergunta do repórter sobre o que ele teria a dizer sobre os comentários de gente que diz que "não dá para entender nada dos seus filmes", ele responde (obviamente) mais ou menos assim: a história não interessa, o que importa pra mim é que o espectador desfrute de cada cena.
é isso.cinema pra mim é isso, conjunto de sensações muito bem-vindas.
o difícil é a arte de provocar esse deslumbre no espectador, da imagem de tocar, te envolver, te apaixonar. mas estes daí de cima conseguem com tanta facilidade... ¡OYE! almodóvar me pone la piel de gallina.
o difícil é a arte de provocar esse deslumbre no espectador, da imagem de tocar, te envolver, te apaixonar. mas estes daí de cima conseguem com tanta facilidade... ¡OYE! almodóvar me pone la piel de gallina.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Pedido de Namoro do Século XXI
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se você me quiser me assuma.
se você me quiser venha com tudo.
se você me quiser não faça como tem feito.
diga que me ama.
diga que me quer
em todos os momentos.
não diga apenas que sou especial
isso não é nada.
não diga que estou no altar
apenas idolatramos quem está no altar
nunca o temos.
se você me quiser sinta saudades frequentemente
não me ligue de vez em quando
ou só de madrugada.
me leve na sua mala,
me apresente aos seus amigos,
me inclua em suas fotos.
nem sempre digo tudo,
nem me satisfaço apenas dormindo no seu sofá,
mas sinto intensamente.
se você me quiser resolva logo
liste suas prioridades
porque já vou quase desistindo.
se você me quiser me valorize
assim como eu ainda insisto,
por achar que você vale a pena.
se você me quer
compartilhe da minha angústia.
se diz que gosta de ficar comigo
então fique.
se realmente, depois de tudo, você não me quiser,
diga simplesmente adeus.
mas se realmente você me quiser
tente.
me ajude a ser uma mulher feliz.
quem disse que seria fácil?
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se você me quiser me assuma.
se você me quiser venha com tudo.
se você me quiser não faça como tem feito.
diga que me ama.
diga que me quer
em todos os momentos.
não diga apenas que sou especial
isso não é nada.
não diga que estou no altar
apenas idolatramos quem está no altar
nunca o temos.
se você me quiser sinta saudades frequentemente
não me ligue de vez em quando
ou só de madrugada.
me leve na sua mala,
me apresente aos seus amigos,
me inclua em suas fotos.
nem sempre digo tudo,
nem me satisfaço apenas dormindo no seu sofá,
mas sinto intensamente.
se você me quiser resolva logo
liste suas prioridades
porque já vou quase desistindo.
se você me quiser me valorize
assim como eu ainda insisto,
por achar que você vale a pena.
se você me quer
compartilhe da minha angústia.
se diz que gosta de ficar comigo
então fique.
se realmente, depois de tudo, você não me quiser,
diga simplesmente adeus.
mas se realmente você me quiser
tente.
me ajude a ser uma mulher feliz.
quem disse que seria fácil?
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MARQUITO!!
“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã”...
(Naquela mesa, de Sérgio Bittencourt)
Mês passado perdemos o Marcos. Ele era o mais velho da nossa turma de Psicologia, o único aluno homem dos formandos de junho/2002. O Marcos era promotor aposentado, fazia Psicologia por hobby, e era o mais engraçado da turma. Não de engraçadinho forçado, ele era naturalmente o mais divertido de todos os tempos.
O Marcos tinha barba grisalha e cara de bravo, mas era pura festa. Por causa desta falsa fachada de cara sério, era ele quem dava trote nos calouros. No 1ºdia de aula, dirigia-se à sala do 1º período de terno cinza e gravata vermelha. Já não havia mais espaço para escrever no quadro e ele falava sem parar pr´aquela sala repleta de recém chegados de mais um rito de passagem, ávidos por conhecimento novo. Era o professor mais formal de Filosofia e dava medo. Era combinado que um de nós, infiltrados ali como repetentes daquela matéria difícil, levantasse seu dedo tímido com a pergunta que não queria calar: Professor Marcos, esta bibliografia já existe em português? E ele, fingindo-se déspota, respondia malvado: Não, só em inglês.
Quem não se lembra das bolinhas de chicletes que ele colava na parede colecionando nossos nomes? Quem não morre de rir lembrando dele desligando o bebedouro pra ficar de longe observando os alunos apertando insistentemente um botão que não saía água, pra depois mandar um bilhete no meio da aula de Psicometria: “ Fui tomar água. Demorei a voltar porque fiz uma experiência interessante. Fechei a torneira do bebedouro e fiquei observando o comportamento dos usuários. Frustração expressa na repetição do aperto do botão. Ninguém se lembrou de abrir a torneira”.
Lembro de uma cena bizarra que ele fazia num repente no meio de alguma aula chata. Ele, sentado lá na frente, virava-se de costas, meio contorcido, numa cena bem exdrúxula, de modo a segurar com os braços cruzados o encosto da cadeira, e virava o olho, numa careta de vesgo que matava a turma do fundão de susto e de riso incontido.
Falar do Marcos é lembrar dos bombons que ele distribuía na sala quando sobravam caixas de chocolate dos churrascos em sua casa azul no Belvedere. Ele também nos presenteava com fotos que tirava da gente em nossos melhores momentos descontraídos, todas com dedicatórias que ele escrevia na hora.
Uma vez ele me disse na cantina: Carol, nunca te vi com outro penteado. Que dia vou ve-la com um corte de cabelo diferente? Realmente, durante muito tempo tive aquele cabelo de mãe-joana, mas o que ele tinha a ver com isso?? O que importa é que tudo que vinha dele era doce. Ele participava de tudo, sabia de tudo, tinha sempre uma opinião e uma solução pra tudo. Até tirar carteira era motivo para bilhetinho: “ ... venho cumprimentá-la pelo sucesso alcançado no teste do Detran... Na oportunidade, ofereço-me, desde logo, como seu passageiro en um eventual passeio. Atenciosamente, seu colega, Marcos.”
Não te vejo, nem te escuto
O meu samba está de luto
Meu violão vai soluçar
O meu samba está de luto
Meu violão vai soluçar
(Noel Rosa)
Mesmo há tanto tempo sem vê-lo, por que a morte é sempre tão cruel?
Ficam aí nossas saudades e somente recordações lindas dele.
Marquito!!! Nosso amor por você é unânime, vamos lembrar sempre de você sorrindo.
Marquito!!! Nosso amor por você é unânime, vamos lembrar sempre de você sorrindo.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
morro disso
contando os dias.
pra tomar busca vida na cachaçaria com zezé e carlão
pra andar debaixo das luminárias vermelhas do lagoa
tomar café da manhã no banco kamasutra do la caraiva blu
escutar chorinho de manhãzinha no cará café
de comer brigadeiro na marina
de pegar no colo maria, serena, iara, dedé, mi e pepeu.
comer pastel de goiabada no pará
tomar caipirinha com os cajus que o maycon disse que congelou pra mim
atravessar o beco de chão rosa pra ouvir a música da hermínia.
ir de buggy pra corumbau e estender a canga na falésia pro espelho
conversar com sr. satu
dividir a pista do ouriço com a duca dançar forró com o leôncio
tomar muita cervejinha com muitos amigos
atravessar a barra na canoa do tazinho
comer rezando acarajé da d. izabel
água de coco no bar da praia e praia na frente do coco
nascer do sol no kuki
as rodas de capoeira do silmar
comer bolo marrudo no mangaba e filet mignon da cineka
enjoar de moqueca e ariacó assado na casa dos outros
ver leuzinha, jô, lu e nil
escutar pelo muro a voz do bené
dos pratos enfeitados com manjericão
das partidas de gamão
escutar triângulo caraíva no pelé
rir dos paga-lanches na padaria do nem
emendar noite no dia
a lua cheia de caraíva fechando o ano.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón
atualmente meninas bonitas têm povoado meu cotidiano. personagens novas e novinhas, bonitinhas e cuidadosas. vanessa, taís, larissa... as veterinárias de meus filhotes felinos. eu, mãe de primeira viagem que sou, tenho o número delas também na gaveta do trabalho e em ímã de geladeira. eu, mãe solteira que sou, encontro tempo entre "un subtítulo y otro" para passear com meu Bahia e minha Dolores, no calçadão de copacabana. quero filhotes sociáveis, doces e rueiros.
a paisagem é outra. das ruas vejo outras bandeiras na varanda dos prédios. os gatos têm me acompanhado a bares com telão na esquininha de casa, onde o assunto da mesa no burburinho sagrado das quartas-feiras, é futebol. aqui no rio de janeiro, o brasileiro parece gostar mais ainda do tema.
rodeada por amigas fanáticas, uma flamenguista, outra tricolor, e ainda um chefe que perde o sono pelo botafogo, eu que sempre corri de TV em bar, jamais imaginaria que participaria destas rodas. aqui se faz aqui se paga, é fato e eu curto.
é tanta paixão, essa do brasileiro pelo futebol (ou será a torcida flamenguista que causa tanta euforia?) que no avião que sobrevoava o planalto central ontem, até o piloto avisou: a quem lhe interessar, o resultado do jogo foi 2x1 para o Flamengo. e 20 minutos mais tarde: a quem lhe interessar, 2x0 para o Fluminense. eu que não sou nem um nem outro, sorri pela vitória dos cariocas. chegando no rio, era tudo preto e vermelho, até o chão.
mesmo assim meu coração ainda canta: eu sou Cruzeiro, meu pai. enquanto vejo filme com ar condicionado com o Bahia de um lado e Dolores de outro.
no silêncio justo de minha casa, não me falta nada.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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